A voz de Joan Shelley é uma daquelas vozes a que nos habituamos a chamar casa. Não é demasiado foleiro dizê-lo, pois não? Disco após disco, a sua voz tem vindo a fazer cama na folk norte-americana com canções que, nesta última década, confirmam Joan Shelley como uma das mais interessante singer-songwriters da sua geração.

Joan Shelley, disco homónimo produzido por Jeff Tweedy, dos Wilco, prossegue essencialmente a ideia de discos anteriores. A voz de Joan Shelley, delicada e elegante, está no centro de tudo; na base estão os guitarristas Nathan Salsburg e James Elkington. Na bateria, neste caso, está o filho de Jeff Tweedy, Spencer.

Cada canção é construída com um desejo incessante de melodia e uma procura inesgotável pela beleza. “If the storms never came” é um exemplo vincado disso mesmo; as guitarras inventam uma melodia de sonho e a voz de Joan Shelley vai ao encontro dessa fantasia, negando que a simplicidade seja algo necessariamente mau.

“Even Though” e “Wild Indifference” são pilares de um disco com uma estrutura muito sólida. Jeff Tweedy não parece ter tido muito trabalho para garantir que Joan Shelley seja um efectivo sucesso. As canções estavam todas lá antes de lá estarem. E, esperamos nós, vão estar por cá durante muito tempo.