DISCOS
Tosca
Going Going Going
· 20 Fev 2017 · 12:13 ·
Tosca
Going Going Going
2017
!K7 Records


Sítios oficiais:
- Tosca
- !K7 Records
Tosca
Going Going Going
2017
!K7 Records


Sítios oficiais:
- Tosca
- !K7 Records
Ainda haverá margem para redenção?
Agora que se volvem vinte anos sobre Opera, disco de estreia – que basicamente era uma reunião de temas que os Tosca começaram a editar em EP’s a partir de 1994 –, Richard Dorfmeister e Rupert Huber mostram-se empenhados em corrigir os desvios que os levaram – mui desnecessariamente – além da natureza do projecto. J.A.C., de 2005, iniciou uma fase derivante – uma declarada aposta na canção em detrimento da especulação instrumental. No Husstle (2009), infelizmente, confirmou-a. Odeon (2013) sustentou-a. E Outta Here (2014) foi a atroz conclusão pela perversão de tudo o que gostávamos nesta dupla de Viena.

Estamos em 2017. Tosca apresentam o oitavo álbum, Going Going Going, uma proposta de regresso às origens. No press release lê-se em tom redentor: “Sometimes in life you find yourselves at a point where you need to walk away and leave something behind if you ever want to go back to it”. E será escusado continuar a ler a coisa quando Rupert Huber afirma sem embaraço: “After experimenting with song structures and vocal collaborations on the last album, we were looking at how we could make a logical progression and we realized that our real strength lay in Tosca’s roots.

Going Going Going é uma recusa de fuga para a frente e ao mesmo tempo uma tentativa de dar um passo em frente. Paradoxal? São onze temas instrumentais em que se regressa às vitaminadas texturas sonoras onde o dub volta a reordenar as prioridades, esforçando-se muito para disciplinar aqueles riff’s country blues que irritantemente voltam e voltam, sempre inócuos. E há uma cançãozita, por vergonha, relegada para o fim – a lembrar-nos que a dupla tem, há anos, uma propensão para o desnecessário.

Going Going Going energiza quando os Tosca se esforçam em sair da zona de conforto – e o voltar a fazer instrumentais definitivamente não se considera um genuíno esforço. O disco está repleto de contradições: temos presente as ideias materiais que construíram o xaroposo No Husstle, e as inconsequências que se lhe seguiram, ao mesmo tempo que é reposto na partitura uma porção da matéria-prima espiritual que ergueu o santificado Suzuki. De alguma maneira, os Tosca extraem-se naturalmente da nefasta zona cinzenta em que há anos se julgavam felizes e úteis. Por outras palavras: se Going Going Going tivesse sido o sucessor de Delih9 (2003), nada desta treta de redenção seria necessária.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
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