DISCOS
Nine Inch Nails
Not The Actual Events EP
· 06 Jan 2017 · 15:16 ·
Nine Inch Nails
Not The Actual Events EP
2016
The Null Corporation


Sítios oficiais:
- Nine Inch Nails
- The Null Corporation
Nine Inch Nails
Not The Actual Events EP
2016
The Null Corporation


Sítios oficiais:
- Nine Inch Nails
- The Null Corporation
Mudar de pele, uma vez mais.
Desde o primeiro dia que Trent Reznor habituou os fãs a esperar, sempre, algo de diferente. Ainda que em termos líricos as temáticas por si usadas e abusadas estejam sobretudo no campo de uma certa angst adolescente, na qual cabem tanto o fascínio pelo mórbido e a auto-destruição de Broken e The Downward Spiral e a crítica política do mundo imaginado por Year Zero, as sonoridades que Reznor utiliza têm variado de álbum para álbum, de EP para EP; dentro do mainstream, poucos artistas terão os tomates que ele tem para passar da synthpop para o rock industrial, do metal MTV para a electrónica ambiente. Nada está fora do alcance, e a experimentação, mesmo que seja feita dentro de um molde destinado às massas, merece elogio.

O regresso dos Nine Inch Nails três anos após Hesitation Marks e alguns rumores de que o projecto teria alcançado o seu fim faz-se, uma vez mais, pela via da transformação. Em Not The Actual Events, Reznor parece ter-se baseado em todos os seus trabalhos anteriores, seja com o moniker NIN ou com as bandas-sonoras para cinema, tendo para tal contribuído, mais que provavelmente, a influência de Atticus Ross, que é agora considerado um membro oficial da banda - a primeira pessoa a obter essa distinção, ele que já colabora com os Nine Inch Nails desde 2005, sobretudo a nível de produção.

Por ser um EP com pouco mais que vinte minutos de duração, poder-se-à ver aqui uma espécie de aquecimento para o futuro, que acontece já em 2017, com a promessa de "dois grandes trabalhos" para este ano. Se assim for, dá para concluir que, pelo menos a nível sonoro, os Nine Inch Nails terão a capacidade de surpreender os fãs uma vez mais. Do punk em registo Suicide de "Branches/Bones", logo a abrir, regressamos por breves instantes ao rock negro, electrónico, pela mão de "Dear World" e "She's Gone Away", com as influências industriais bem presentes nesta última, antes do metal chapado de "The Idea Of You".

Mas é no final que se encontra a grande vitória - e, por conseguinte, a razão maior para saudar o regresso - destes "novos" Nine Inch Nails. "Burning Bright (Field On Fire)", shoegaze que arme em câmara lenta, com mini-explosões a marcar o compasso e o desafio: I am stronger than I have ever been in my decline, avisa Reznor. De que declínio estará a falar, não sabemos. Se do pessoal, há várias histórias por dissecar; se do profissional... bem, esse nunca existiu. E é com este desafio que conseguimos encarar 2017 sem exageros: o ano parece estar bem encaminhado para os Nine Inch Nails. E ainda bem. Que façam o favor de agitar novamente as águas.
Paulo CecĂ­lio
pauloandrececilio@gmail.com
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