Pouco havia a dizer de Kornél Kovács até há um ano. O produtor sueco, ou era alguém a fazer temas por carolice, não se levando muito a sério; ou era apenas mais um DJ a almejar reconhecimento por martelar umas graçolas house volvida a ressaca pós-noitada num qualquer clube de Estocolmo. Os EPs Radio Koko e Nincs, de 2015, tentaram esclarecer qualquer coisa: e o que ficou a pairar foi a ideia de que Kornél Kovács lá tinha os seus momentos de inspiração.

Com o amigo Axel Boman, formou a etiqueta Studio Barnhus em 2010. E com ele a tem gerido. Contudo, e ao contrário do amigo, bem mais expediente, só mesmo recentemente Kovács se revelou como alguém capaz de ter algo de (possivelmente) relevante a apresentar. The Bells: é basicamente house o que ouvimos neste disco de estreia; house com um toque escandinavo; com aquele toque melódico sonhador, quente e sexy que alguém só habituado ao frio pode dar – aquele simpático temperamento com que muita da música pop/ electrónica nórdica seduz os sulistas.

Demoramos a perceber que The Bells é uma soma de badaladas entre genuinidade e gabarolice. Às vezes pertinente, outras petulante. Seriamente, despachando o rebate redundante, teríamos em mãos um excelente EP. Assim temos que nos dar por contentes com um álbum desequilibrado, imaturo, produzido por alguém que tem de se esforçar um pouco mais para ser (mesmo) levado a sério. O potencial está lá debaixo daquela camada sem graça.