DISCOS
Plane Ticket
Navigator
· 18 Out 2016 · 10:19 ·
Plane Ticket
Navigator
2016
Ed. de Autor


Sítios oficiais:
- Plane Ticket
Plane Ticket
Navigator
2016
Ed. de Autor


Sítios oficiais:
- Plane Ticket
Primeira classe.
Contam-se pelos dedos de uma mão o número de novas bandas rock capazes de furar a ditadura do mainstream e fazer chegar, até aos meios mais abrangentes, a sua música - independentemente do quão radiofónica esta possa soar. Radiofónica no melhor sentido do termo, naturalmente. O rock não está morto, mas as guitarras parecem ter abandonado de vez o seu estatuto de força motriz para inúmeras melodias. Não haverá mal nisso, mas há espaço para tudo.

Assim como o há para os Plane Ticket, quarteto de Torres Vedras afastado dos holofotes da fama geral e da fama indie. Por opção própria ou por falta de atenção da parte de quem procura divulgar, são questões que poderão ficar para outro dia. Para já há isto: Navigator, o óptimo segundo álbum da banda que, em 2012, editou o óptimo Under The Quiet Sky, cujo tema-título ainda hoje nos ressoa pelos ouvidos, naquelas tardes de sol posto onde nada abala a preguiça.

Mesmo que bandas como os Strokes ou os Interpol - que conseguiram o que se explicou no primeiro parágrafo, nos idos anos 00 - não sejam influência directa na sonoridade dos Plane Ticket, notam-se alguns dos seus ensinamentos por aqui. Nomeadamente, a ideia de que sim, é possível fazer bom pop/rock mesmo que a pop(ulação) não chegue lá. "1996" poderia mesmo ter saído da Nova Iorque do início de milénio, com as guitarras ecoando pela urbe, os coros à procura de algo mais no mundo que não a vida suja das cidades. A mesma toada de "Postcard From Glasgow", que mais explícita não poderia ser: I'll wait for the sign / To run down the street...

Navigator, à falta de melhor termo, é sem espinhas: pop/rock doce e outonal, cheio de bons licks e carregado de memórias agradáveis - tanto das que já se foram como das que ainda estão por vir. O travozinho shoegaze presente em "Girl In A Red Bicycle" só melhora a viagem. O paradoxo de "Train Station" dá-lhe o sorriso que faltava. Mesmo que o avião não vá cheio, este bilhete é para a primeira classe.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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