DISCOS
Equiknoxx
Bird Sound Power
· 28 Set 2016 · 11:25 ·
Equiknoxx
Bird Sound Power
2016
DDS


Sítios oficiais:
- Equiknoxx
Equiknoxx
Bird Sound Power
2016
DDS


Sítios oficiais:
- Equiknoxx
Passarada à solta no laboratório jamaicano.
É inestimável a influência que a música da Jamaica teve na refinação da linguagem da música popular desde os idos da década de 1970. Do rockstady ao ska, dos sound systems ao dancehall, do reggae ao dub: todos eles inspiraram – do rock à electrónica, do punk ao hip-hop. Talvez a natureza do desenrasca tenha forçado a reprodução de muitos sentimentos com poucos meios, e a inspiração vinda de uma qualquer ideia de hedonismo a braços com o espiritualismo Rasta. Por aí? Certo é que muitos dos sons da Jamaica exerceram, e continuam a exercer, um poder (exótico, mágico, metafísico) sobre muitos melómanos – do mero ouvinte ao mais perspicaz músico ou produtor.

Dos jamaicanos Gavin Blair e Jordan Chung, e restantes compinchas da Equiknoxx Music (a etiqueta) pouco se sabe. Os dois são os Equiknoxx, e desde 2007 têm, essencialmente como produtores, agitado as pasmatórias águas do dancehall; Gavin "Gavsborg The Foolmaker" Blair tem, em concreto, apresentado ao mundo alguns dos mais recônditos nomes da nova música da Jamaica; porque não olhar para o jovem Masicka que ofereceu (literalmente) um curioso EP em 2013 chamado Masicka To King Tubby – o senhor Gavsborg produziu-o com grande classe.

Os Equiknoxx apresentam-se formalmente em 2016. Os Demdikes Stares, que os acolheram na DDS, a editora que gerem, acham-nos especiais. Serão, ou é apenas uma daquelas coisas que se dizem por obrigatória cortesia? Ouvindo o disco de estreia da dupla, no mínimo, podemos dizer que os tipos pensam/ estruturam a sua música fora das linhas balizadoras da actual música de dança. Sendo da Jamaica, e óbvios agitadores do dancehall há alguns anos, Bird Sound Power é um inusual/ bizarro retratamento do que conhecemos do género.

Músculo. Cérebro. Sentimento. É assim que os Equiknoxx trabalham: em equilíbrio. Bird Sound Power pode ser um conjunto de temas – amiúde – descarnados. Eles têm músculo para golpadas de punho. Mas há inteligência para não magoarem. O que pretendem é envolver-nos com um mínimo de mantas melódicas – poucas, mas todas elas de grande sedução. Demoramo-nos a apaixonar pelas imprevisibilidades desta dinâmica produção – aqui e ali, dura de roer; e temos de nos soltar de preconceitos (ou de alguns maneirismos da moda bass) para agarrar o novo espírito, que, e em boa verdade, é o bom e velho espírito da música da Jamaica: sempre a fazer muito com tão pouco!
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
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