A capacidade do americano Gerard Hanson em criar paisagens futuristas, ambientes sonhadores, viagens cósmicas, é uma das mais-valias deste quimérico guia turístico – claramente distinguindo-se pelo optimismo e ao invés da distopia e soturnidade de outros.

Dez anos passados do voo debutante, 2825 é o novo disco do discreto produtor de Dallas, que na verdade iniciou actividade há vinte Outonos. Prolificação de temas não é a sua maneira de estar na arte. Talvez graças ao tempo, a produção de Hanson mantém-se criteriosa, exacta, continuando a venerar o techno clássico de Detroit e o IDM europeu de 1990.

Há o gosto pela ficção-científica. O lado cósmico (a capa é bem demonstrativa). E é em longas deambulações espaciais que Convextion encontra a inspiração para contornar os maneirismos, a iluminação para detectar novos pontos de vista para uma linguagem de fórmulas batidas e rebatidas.

Aqui e ali, Hanson tende a ser perfeccionista: estampa-se em alguns temas um excessivo limar de arestas – tudo arrumado, aprumado e a brilhar; reescrita sobre reescrita. Alguma depuração exagerada, contudo, não arruína este alinhamento onde a competência, a técnica andam de mãos dadas com a mais bela fantasia humana.