DISCOS
Etienne De Crecy
Superdiscount 3
· 27 Jul 2015 · 18:50 ·
Etienne De Crecy
Superdiscount 3
2015
Pixadelic


Sítios oficiais:
- Etienne De Crecy
Etienne De Crecy
Superdiscount 3
2015
Pixadelic


Sítios oficiais:
- Etienne De Crecy
De França, com amor.
Três tombos em dezoito anos. E todos eles a reflectirem um dado instante anímico de Etienne. Do primeiro capítulo, no essencial, a história já determinou o legado – e havendo legado, torna-o essencial para perceber a música de dança do final dos anos 1990, estando no mesmo patamar de Homework, naquele escalão de estudo obrigatório. Do segundo depoimento Superdiscount, há a referir que, além do reflexo Tech-house, ou o desejo obcecado de Etienne de reordenar a House de Chicago, ou o Acid-house raver, o savoir-faire ditou a produção, subtraindo abstratividade, ingenuidade, e um puro sentido lúdico da música; salvo excepções, Superdiscount 2 cheirava a plástico, a um produto hermético feito à medida de determinadas pistas de dança dadas à pastilha.

Se há alguma coisa de “novo” no terceiro capitulo é o regresso à exploração dos maneirismos House no tratamento da Soul, do Electro-funk, do Hip-hop; tendo sido descartados o Disco e o Boogie para evitar possíveis embaraços estilísticos. De qualquer forma, Etienne De Crecy volta a ter um definido sentido estético. Sem que o afirme impudicamente, volta à zona de conforto.

Dito isto, e objectivamente: uma vez mais a proficiência da produção compensa a falta de imaginação, ou a falta de ambição – os exactos problemas de Superdiscount 2. Oiça-se “Smile”, e como Etienne e Gopher se reúnem – tipo Domingo à tarde, sem nada mais de interessante a fazer, e enquanto bebem umas jolas – e brincam com os velhos brinquedos para recordar o tempo em que brincar era sério; ou como “Follow” ou “Love” – ironia das ironias – poderiam fazer parte do alinhamento de “Discovery” em 2001. O que solidifica este disco, em detrimento das inconsequências instrumentais, são as colaborações vocais. Uma novidade em relação aos capítulos anteriores. Pos & Dave dos De La Soul, Tom Burke dos Citizan, ou a iniciante Kilo Kish, e mais alguns nomes obscuros, complementam a aventura de Etienne. “You”, “WTF” e, em especial, “Family” – de longe o que melhor se extrai deste disco amorfo; um misterioso dueto entre “alguém” e um sósia de Barry White: atracção, sedução, amor, sexo.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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