DISCOS
Drenge
Undertow
· 13 Jul 2015 · 11:16 ·
Drenge
Undertow
2015
Infectious Music


Sítios oficiais:
- Drenge
- Infectious Music
Drenge
Undertow
2015
Infectious Music


Sítios oficiais:
- Drenge
- Infectious Music
Finalmente o grunge é perigoso.
Poder-se-ia resumir Undertow, o segundo disco dos semi-novatos Drenge (que só existem há escassos quatro anos), à cavalgada que marca o refrão de "We Can Do What We Want". O título não podia ser mais explicativo. Esta é uma banda segura, confiante, que rejeita a boa imprensa que tem tido e que se mantém fiel aos seus princípios: bojardar rock a torto e a direito, independentemente do que possam achar os puristas, a velha guarda, os novos discípulos, o mundo em geral. Undertow poderia ser apenas mais um disco de 1990 feito em 2015. Felizmente, mostra-se mais preocupado com o aqui e agora do que com quaisquer homenagens. E isso faz toda a diferença.

Se os Alice In Chains nos vêm à cabeça, e não num pensamento jocoso, durante os rasgos grunge de "Never Awake" e "Side By Side", a guitarra deslizando sob a voz numa tremideira cavalar que tem tanto de grito como de choro, não menos verdade é que há muito que não ouvíamos tamanhas fusões metálicas com o punk, que nos soassem frescas por oposição a anacrónicas; e se todo o sotaque britânico presente em "The Woods", canção com um gancho que fica na cabeça durante dias, nos traz de volta a Londres e não a Seattle, há que dizer que os Drenge poderiam muito bem nascido no outro lado do mundo, tal é o seu sentido de execução. E no entanto não é plágio; é mais como um karateca que se despede do seu mestre e abre o seu próprio dojo.

O que sentimos com Undertow já o havíamos sentido com o primeiro disco dos Yuck. Na altura, foi um excelente reavivar da memória e um dos melhores discos desse ano de 2011, pedra elementar de um futuro que achávamos que poderia ser risonho. Não o foi: desde então que os também britânicos pouco, ou mesmo nada, têm feito. Sabemos disto. E, independentemente de estarmos mais velhos e mais sábios, a excitação continua a ser a mesma que então sentimos - que desta árvore pode vir a nascer um fruto saboroso. Basta os Drenge continuarem a fazer o que quiserem, quando quiserem, onde quiserem. Pois são novos, e por serem novos o mundo é deles.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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