DISCOS
Faith No More
Sol Invictus
· 15 Jun 2015 · 10:36 ·
Faith No More
Sol Invictus
2015
Ipecac / Recommended


Sítios oficiais:
- Faith No More
- Ipecac
Faith No More
Sol Invictus
2015
Ipecac / Recommended


Sítios oficiais:
- Faith No More
- Ipecac
À Reconquista!
Quando o mundo ficou a saber, em 2009, do regresso à actividade da banda de Mike Patton, Roddy Bottum, Billy Gould e Mike Bordin, mais guitarrista convidado (Jon Hudson), é possível que poucos acreditassem que seria para mais do que alguns – excelentes – concertos. É até provável que eles próprios tenham pensado nisso. Só que, 6 anos depois, e 18 anos depois de terem editado Album Of The Year, aqui está um disco novo deles. E Sol Invictus vem mostrar que eles não perderam nenhum talento, coesão, sentido de humor e melodia, ou perversidade durante o tempo em que estiveram separados.

O que quer que se diga para os tentar descrever, os Faith No More nunca foram exactamente isso. E provavelmente nunca o serão. Algo bastante típico, realce-se, nas bandas em que Mike Patton faz o papel de frontman. E as músicas individuais revelam isso. Pois nunca sabemos com precisão o que irá acontecer a seguir. Queriam uma explosão quiet-loud na faixa-título que abre o disco? Lamento, mas Patton volta a sussurrar por sobre um piano. Ou em “Separation Anxiety”, onde ela aparece, mas não onde pensaríamos “lógico” que acontecesse. E quem se lembra disso no turbilhão em que acaba a música? “Cone Of Shame” começa com uma guitarra prima da de “A Forest”, dos Cure, continuando naquela toada de voz possante, mas límpida, sobre guitarra fervorosa, que Mike Patton faz, muito possivelmente, melhor que ninguém.

Quando uma banda conquistou o estatuto, como os Faith No More há muito conseguiram, de ser mais termo de comparação do que “Comparada a…”, há a tendência para, paradoxalmente, comparar o que de novo façam, a momentos do seu passado. Mas Sol Invictus evita habilmente essa “armadilha”, graças a uma precisão melódica apurada, que resulta em canções com fundações demasiado sólidas para que procuremos materiais alheios por baixo dos alicerces. Veja-se a forma como “Rise Of The Fall” alterna entre uma toada mais agressiva, e uma com o crooning também típico de Mike Patton, acompanhado de melódica? Ou como “Motherfucker” está tão bem colocada para se tornar um hino em arenas, festas de despedida, casamentos, batizados e funerais (“You had it coming”, diz ele). E ainda o modo como “Black Friday”, que começa com guitarra acústica, é feita de esquizofrenia e groove.

Em 2015, é improvável que Sol Invictus venha a dar azo a muita coisa nova. E – felizmente – ainda mais improvável que um bando de grunhos pegue no refugo que eles puseram de, e crie um Nu-Metal Parte 2. É um álbum rápido (38 minutos que passam a correr), lançado na própria editora, de uma banda que entra em casa de outras, desarruma os livros e os discos, e sai sem ser notada na altura, deixando marcas indeléveis. É um disco que demonstra como o único limite para os Faith No More é o da sua imaginação. E assim temos mais um regresso que corre bem. Agora não querem fazer o mesmo com os Mr. Bungle?
Nuno Proença
nunoproenca@gmail.com

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