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Ghost Culture
Ghost Culture
· 22 Abr 2015 · 10:39 ·
Ghost Culture
Ghost Culture
2015
Phantasy Sound


Sítios oficiais:
- Ghost Culture
- Phantasy Sound
Ghost Culture
Ghost Culture
2015
Phantasy Sound


Sítios oficiais:
- Ghost Culture
- Phantasy Sound
Manobra-nos com a ilusão de profissionalismo. Mas não é claro ao que vem.
É um disco passível de contrariedades, admito-o sem embaraçados. Ghost Culture consegue ser bonito e irritante; inspirado e vulgar. Retumba uma produção alternativa que é ao mesmo tempo previsível. Estuda a Synth-pop mais sofisticada como um voyeur com a mesma facilidade com que se lança furioso aos paradigmas do Techno de Detroit ou à House de Chicago – nada de valor lhes acrescentando. Mas descarnemos parte da ladainha por aqui sonorizada para se chegar a uma conclusão objectiva mínima...

O britânico James Greenwood move-se no seu conceptualismo inaugural como um ilusionista encantadoramente pueril. É na ambiguidade – por incrível que pareça! – que está alguma da sua força criativa. Com passes de magia subtis ergue uma sonoridade de aparência profissional – o apadrinhamento de Erol Alkan contribuiu na certa para a elementar coerência estética (e daí não virá qualquer objecção, especialmente porque esta produção espectral funciona por simpatia).

James Greenwood articula-se com um ditame intimista na voz, ora furando beats duros e pastilhados (Acid-house também marca ponto), ora envolvendo-se em lânguidas arquitecturas Electro reminiscentes de Kraftwerk ou Model 500, nunca descurando a melancolia pop dos anos 80. E fá-lo com sentimentos bem medidos, mas nunca com a exacta proficiência de gente como Junior Boys, Colder, ou alguns dos mais cotados líderes da onda Electro-pop, como os Depeche Mode.

Ghost Culture não explica exactamente ao que vem, nem o seu autor se propõe a dignas especulações que permitam novos estádios neo-românticos. Descompromete-se de todas as ideias – as de presente e futuro, em especial. Para já dedica-se a um articulado e glamoroso espectáculo de luzes. Mas finda a exibição, a verdade vem ao de cima... E a verdade é que remanesce a sensação de falta de maior substância, uma que contrarie a imodéstia que parece pulular em alguns instantes. Greenwood safa-se, pelo menos por agora, de açoites maiores. Leva três estrelinhas apenas pela ousadia de nos tentar ludibriar. Que no próximo tomo seja mais sério.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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