DISCOS
Fabiano Do Nascimento
Dança Dos Tempos
· 05 Mar 2015 · 17:44 ·
Fabiano Do Nascimento
Dança Dos Tempos
2015
Now-Again Records


Sítios oficiais:
- Fabiano Do Nascimento
- Now-Again Records
Fabiano Do Nascimento
Dança Dos Tempos
2015
Now-Again Records


Sítios oficiais:
- Fabiano Do Nascimento
- Now-Again Records
O Brasil é foda.
Brasil, país irmão, terra que é tanto de Cabral como do Índio, melting pot que os Estados Unidos um dia sonharam e que alberga tanto Zé Carioca como Lampião, berço da bossa nova mas também do forró e que nos deste Wandson Lisboa: ensina-me tua alma, que eu quero saber escrever-te com propriedade, sem recurso ao estereótipo cansado do café, do futebol ou do samba; mostra-me quem é Fabiano Do Nascimento, que fascina o ouvido desde que Dança Dos Tempos aqui me chegou. O Google não ajuda, mas a música tem-no feito e de que maneira.

O desconhecimento frustra, mas existe este dedilhar maravilhoso, a lembrar o muito nosso Norberto Lobo mas com corpo de mulato, ou algo para além do mulato, uma nação inteira contida nas cordas. De Fabiano Do Nascimento sabemos apenas que estudou piano em criança e que este não é o seu primeiro disco. Não que isso importe sobremaneira - há situações em que o acto se sobrepõe à biografia. No caso o acto é Dança Dos Tempos, conjunto de onze belas canções, entre originais e pedaços do folclore brasileiro, a balançarem suavemente, tal qual uma palavra proferida por Jorge Amado, entre o jazz e o tradicionalismo.

Fala-se também de Baden-Powell, e a comparação faz sentido - até porque "Iemanjá" marca aqui presença, numa versão tecnicamente irrepreensível. Não obstante o tributo que é prestado aos mestres, um brilha mais do que outro: Capiba, aqui repescado em "Minha Ciranda", possivelmente uma das canções (e vozes - a de Kana Shimanuki, canadiana filha de japonês e brasileira) mais bonitas que 2015 terá para oferecer. Sem esquecer a riqueza espiritual de "Ewê" ou a maravilhosa liberdade de "Etude", até sermos cortados à faca por "Se Ela Perguntar". Esta Dança acompanhar-nos-à ao longo do ano.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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