É assim desde sempre: a música dos Enablers é tão importante quanto as palavras que se deitam nela. E o verbo "deitar" aqui não é usado à toa. A verdade é que é raro uma banda que se movimente nestes territórios conseguir um compromisso tão feliz entre a palavra e a música. Algo que os Enablers conseguem com uma naturalidade que roça a perfeição.

As guitarras dos Enablers bem que podiam começar já a candidatura a Património Mundial da Humanidade. São estas afinal o ponto de partida de todas as maravilhosas divagações poéticas de Pete Simonelli, são estas um inesgotável motor de criatividade e entusiasmo. E são de facto uma cama onde todos se querem deitar.

The Rightful Pivot é um disco cativante do primeiro ao último acorde. A dificuldade reside verdadeiramente entre seguir o estranho encantamento melódico das guitarras ou a força nua e crua das palavras de Pete Simonelli. É um dilema, é certo, mas se todos os dilemas fossem assim tudo seria melhor.

The Rightful Pivot tem esse dom de nos lembrar o porquê de um dia termos caído de amores por algo que se convencionou chamar de pós-rock. Está tudo aqui, num disco praticamente inesgotável, com uma poesia que não está só nas palavras - está por todo o lado.