O disco de estreia a solo de Bruno Pernadas é tão misterioso quanto o seu título-pergunta, How can we be joyful in a world full of knowledge?. Por vários motivos. Será este um disco pop com raízes no jazz, será um disco de jazz em flirt com a música pop? Será um disco que se aproveita da indefinição e da ausência de fronteiras? Ou será apenas um sonho?

Estamos perante um disco labiríntico, claro está. Mas um daqueles labirintos dos quais não queremos sais jamais. Ao longo destas nove canções, o imaginário musical de Bruno Pernadas abre-se de uma forma que raramente se consegue registar num disco de estreia. E o que se pode ver lá dentro é maravilhoso.

Logo na primeira canção, a deliciosa "Ahhhhh" faz cair por terra qualquer vontade de catalogar esta música. E percebe-se: o "Ahhhh" é do espanto que provoca. Num momento está-se em terrenos pop bem seguros e no outro está-se já no norte de África com um pé no deserto e sem boleia de volta para o hotel.

Em nove movimentos perfeitamente desenhados, embrulhados com uma produção perto da perfeição, How can we be joyful in a world full of knowledge? estabelece Bruno Pernadas como exímio paisagista sonoro e gerador de sonhos. E uma coisa é certa: o mundo é mesmo um sítio melhor para se estar depois de se ouvir aquilo que Bruno Pernadas tem para dizer. Apetece dizer: Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh.