DISCOS
Objekt
Flatland
· 25 Nov 2014 · 10:44 ·
Objekt
Flatland
2014
PAN


Sítios oficiais:
- Objekt
- PAN
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Flatland
2014
PAN


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O "três em um" na electrónica: uma espécie de tour de force?
Surgiu do nada em 2011. Os EPs identificavam-se apenas como Objekt#1 e Objekt#2. E à primeira audição, os lados A sobressaíam pelo dinamismo da sua estrutura, pouco dada à repetitividade das camadas constituintes; por outras palavras, havia uma artística – inteligente! – gestão das ideias, que por nada se davam ao sacrifício imediato da programação linear, tão afeita a queimar artifícios pertinentes em pouco mais de três minutos. “The Goose That Got Away” e “Clk Recovery”, sem se mostrarem arrogantes, esforçavam-se por serem substanciais no sincretismo das três tipologias dominantes. Fugiam ao óbvio sem serem radicais. Vibravam novidade sem ostentações fúteis. Orgulhosamente discretos. Os EPs subsequentes confirmaram uma personalidade a insuflar.

O alemão TJ Hertz é o verdadeiro três em um. Tem a memoria do melhor IDM de 90 (não esquecendo o drum n’ bass), não se envergonha do passado dubstep – descolando-se contudo dos pós-pós-pós que o género veio a conhecer – e mostra-se um apaixonado pelo techno exploratório dado ao dark side of the force, sem Berghain a escurece-lo.

Depois dos EPs – de reconhecido interesse –, o passo seguinte: um álbum – o formato onde só vinga a substância. Chama-se Flatland e, paradoxalmente, é tudo menos plano, ou bidimensional. O disco de estreia apresenta-se na recta final de 2014 dentro dos fundamentos estilísticos que TJ Hertz determinou como seus, sendo o «três em um» uma espécie de tour de force que o distingue da maralha tão dada ao mais-do-mesmo. Consciente que não pode inventar o que há muito foi inventado – e a sobriedade em admitir que o presente se ressente de um impasse que raramente gera mais-valia de um dia para o outro –, Objekt tem mérito em se esforçar a calcorrear determinados cantos obscuros da electrónica em busca de novas possibilidades. Flatland divaga, tenta ser impertinente. É inteligente sem ser maçudo. E vive de um cuidado equilíbrio entre vergar o passado e ambicionar um novo amanhã. Não é minimamente pretensioso, o que também não o faz seriamente aventuroso.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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