Depois de ter abandonado amigavelmente os Woods e de ter imposto uma pausa nos Babies por tempo indeterminado, o norte-americano Kevin Morby dá sinais claros de querer investir todo o seu tempo e energia numa carreira a solo. E a aposta não parece ter sido em vão. 

Depois da estreia a solo com o muito interessante Harlem River, dedicado a Nova Iorque (onde vivia na altura), o norte-americano lança agora Still Life, um disco que parece agora ter mais ares de Los Angeles, para onde o músico se mudou recentemente - e que representa um muito claro crescimento enquanto escritor de canções.

Apesar de ter sido escrito na estrada e no meio de muitas viagens, Still Life é um disco mais luminoso que o seu anterior. Um disco mais pensado, mais detalhado, mais concretizado. É também um disco onde Kevin Morby assume, mais do que nunca, o elogio à canção americana e aos seus heróis, apesar da sua métrica lembrar muitas vezes o britânico Bill Fay, apesar de nunca se demitir de imprimir nestas canções um cunho pessoal.

Nas suas dez canções, Still Life impressiona - e de que maneira - pela qualidade da sua construção, pela frescura e beleza dos arranjos (há pianos, há metais, há um enormíssimo bom gosto), pela ambição. Mesmo que haja um mundo de diferenças entre, por exemplo, as fabulosas "Bloodsucker" e "Parade", mesmo que não haja uma canção com o mistério de "Harlem River". Basta ouvi-lo um par de vezes para não ter mais dúvidas: este é o disco que colocará Kevin Morby em grande destaque enquanto escritor de canções do seu tempo, desde tempo, do nosso tempo. Celebremos.