Não se percebe muito bem o que tentaram fazer os Dub Thompson no seu disco de estreia, intitulado 9 Songs e contendo na verdade apenas oito canções. Ou talvez se perceba demasiado bem. Os Dub Thompson são dois miúdos, com 23 e 19 anos, que olharam para uma guitarra e para uma bateria e pensaram que podiam brincar um bocado com aquilo e com o conceito de rock. Não se espere de 9 Songs algo menos do que a urgência punk traduzida em curtas e masturbatórias vinhetas.

O que há é a sensação, ao ouvir, de que o acne do qual nos julgávamos livres há muito regressa em peso, a ideia de que ficar acordado até tarde significa ver séries televisivas (e alguma pornografia) até às três horas da manhã com teste de história no dia a seguir, e a percepção fictícia de que o puto estranho lá da escola, que se veste sempre de preto e tem um piercing no lábio, nos está a bater à porta com CD-Rs de bandas das quais nunca ouvimos falar mas que imediatamente nos fascinam. "Hayward!" é esse rock de quatro minutos, desconjunto e libertário, confusão das boas.

Depois entra "No Time", caixa de ritmos de baixa fidelidade que entra quase como uma valsa. Que raio? Pode ser possível que os Dub Thompson sejam mais espertos do que na realidade imaginamos; ou, então, que pintam simplesmente, de forma agressiva e sem nexo. 9 Songs podia portanto ser um quadro de Jackson Pollock. Como não é, revela-se sobretudo um óptimo disco. Testemunham-no canções como a supracitada "No Time", tentativa de interacção com o dub que lhes dá nome, a marcha KillingJokiana de "Mono" e o final com "Pterodactyls". Tudo isto em menos de meia hora, como manda a tradição.