Como se os Boards of Canada fossem fazer um disco para o meio da Amazónia. É assim que soa Crea Island, o recente EP do californiano Danny Spiteri, explorador atmosférico e rítmico de vinte anos. A capa e a explicação do norte-americano ajudam ainda a compreender melhor do que se trata este lançamento; do embate entre a tecnologia e a natureza.

Os sons da natureza são mais do que um motivo neste EP; são também matéria-prima. Em quase todos os temas, esses sons abrem a palete sonora de Crea Island de uma forma que nem as batidas (muitas vezes com cheiro a hip-hop) o conseguem. A qualidade lo fi deste disco é também muito mais do que uma estratégia, é uma afirmação de método, uma arma. Por vezes é forma de esconder falta de talento, aqui é uma bênção. 

Depois de uma primeira parte (um pouco mais do que isso) mais melódica e fácil ao ouvido, Danny Spiteri aplica à parte final do EP um aumento do nível de dificuldade. E, infelizmente, dá-se também, e não de uma forma directa ou proporcional, um certo decréscimo de interesse. Apesar disso, Crea Island é uma entusiasmante viagem e uma prova de talento do artista enquanto jovem. É estar atento: sabe-se lá o que pode sair daqui num futuro próximo.