DISCOS
Metronomy
Love Letters
· 18 Mar 2014 · 11:53 ·
Metronomy
Love Letters
2014
Because Music


Sítios oficiais:
- Metronomy
- Because Music
Metronomy
Love Letters
2014
Because Music


Sítios oficiais:
- Metronomy
- Because Music
Oscilando de um lado para o outro.
Ao contrário daquilo que o hype possa afirmar, os Metronomy não surgiram do nada com The English Riviera. Antes disso existia uma malha enorme, resgatada aos últimos suspiros do electroclash, que dava pelo nome de "You Could Easily Have Me" (de Pip Paine, disco de estreia no "longínquo" 2006): um riff contínuo de guitarra, umas brincadeiras electrónicas e um beat em 4/4, e estava feito o cartão de visita. Experiências que começam no quarto e que acabam nos palcos dos grandes festivais, uma história igual a tantas outras da última década.

E, no entanto, pese a adição de mais membros ao seu projecto, Joseph Mount - o rosto principal por detrás dos Metronomy - nunca deixou de fazer essas experiências sonoras, descarnadas e minimais; apenas abraçou o seu lado mais pop e fez de The English Riviera um belíssimo disco de pop electrónica com claros acenos ao passado oitentista do pós-punk. Descarnadas, o adjectivo correcto. Para os Metronomy parece excepcionalmente simples fazer-se uma boa canção; basta arranjar uns três ou quatro instrumentos, colocar três/quatro notas a sair de cada um deles, e voilá, temos "The Upsetter", a canção com que abrem o seu quarto disco.

Como um metrónomo, portanto, sempre no tempo certo, sempre sem desviar. Calmo e sereno como as tardes de sol. Love Letters não foge àquilo que já havíamos visto no registo anterior, podendo considerar-se o seu irmão gémeo-quase-siamês; regra geral isto apela à apatia do ouvinte, mas com canções como a deliciosamente r&b "I'm Aquarius", as Supertrampianas "Monstrous" e "Love Letters" (gigantes!), ou o punk-funk de "Boy Racers" é impossível ficar apático ou não mexer pelo menos um dedinho. Não é nem um disco merecedor de hype nem a última coca-cola no deserto nem um saco de pancada para dezenas de comentaristas musicais; é apenas um bonito disco pop. E esses também fazem falta.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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