Já foi dito várias vezes mas não é demasiado fazê-lo: a música brasileira goza de excelente saúde nos dias que correm. Tem sabido criar oferta para todos os gostos, dar um passo em frente mas ao mesmo tempo manter a sua identidade. Castello Branco é um desses felizes casos de transgressão respeitosa. Convém decorar o seu nome: vai-se ouvir falar muito dele nos próximos tempos. E por todos os motivos certos.

O disco de estreia de Lucas Castello Branco é um retumbante sucesso. Serviço é um disco certeiro na sua ambição, na qualidade da escrita, na simplicidade dos arranjos, na auto-suficiência. “Necessidade” é prova mais do que óbvia do enorme sucesso da estreia de Castello Branco: a melodia no sítio certo, o balanço afinado e a porção suficiente de fantasia. Mas felizmente não é um caso isolado.

Serviço é um disco amplo na sua oferta. Há de tudo: temas instrumentais no violão, a recuperação da magia de décadas passadas da música brasileira, rock bem desenhado, rastos de psicadelismo, canções de embalar e de infância (não faltam vozes femininas – e belas - neste disco) e aquilo que parece ser, mesmo à distância, um enorme respeito pela música tradicional brasileira.

Mas há sobretudo um enorme talento na escrita das canções, na construção dos seus alicerces, na definição dos toques finais. Serviço é um daqueles discos raros em que a complexidade é apreendida cada vez mais e melhor à medida que as audições se avolumam. O mistério nunca se perde; adensa-se. Assim são os grandes discos. E Serviço é certamente um disco para ficar na memória pelos melhores motivos.