DISCOS
Paulo Gomes Trio
Recital
· 11 Abr 2013 · 22:18 ·
Paulo Gomes Trio
Recital
2012
Numérica


Sítios oficiais:
- Numérica
Paulo Gomes Trio
Recital
2012
Numérica


Sítios oficiais:
- Numérica
Jazz sob supervisão clássica.
À partida o nome poderá não soar muito familiar, mas o pianista Paulo Gomes vem desenvolvendo um percurso bem preenchido, integrando diferentes formações ao longo dos últimos vinte anos. Editou dois álbuns em nome próprio, Intro (decateto, 2002) e Trabka (quinteto, 2010), acompanhou a cantora Fátima Serro (dois discos) e tem participado em gravações de múltiplos projectos, nomeadamente no disco Raw, a estreia do cantor Kiko.

Nas “liner notes” deste novo disco o pianista Paulo Gomes assume desde logo um pressuposto que guia este disco recital: a confluência entre jazz e a música clássica, na continuação da “Third Stream” de Gunter Schuller. Mas se os casos de maior sucesso desta fusão, nomeadamente os trabalhos de George Russell e da parceria de Miles Davis com Gil Evans, combinaram uma forte dimensão orquestral com elementos jazzísticos, a abordagem do pianista é distinta.

Paulo Gomes procura trabalhar esses pontos de encontro entre aquelas duas músicas, tantas vezes afastadas, servindo-se da linguagem do jazz e de um clássico trio de piano, pegando nos seus elementos comuns. Para este Recital o pianista está acompanhado pelo contrabaixista Nuno Campos (atenção ao seu disco de estreia My debut for the ones close to me) e o baterista Leandro Leonet.

Neste Recital o trio desenvolve uma abordagem elegante e sóbria, perante um conjunto de temas que vai alternando entre a profunda matriz jazz (standards, Gershwin, Cole Porter) e herança clássica (Prokofiev, Shostakovich, Mompou). Independente da proveniência original, cada tema é despido na sua essência melódica e reconstruído com igual delicadeza.

Para lá da fluência de ideias do piano, que logicamente se destaca, merece realce a presença forte do contrabaixo e da bateria, que assumem os seus espaços com muita segurança e naturalidade. Sente-se uma profunda coerência a atravessar todo o disco, que cumpre assim a ambição de tocar dois mundos habitualmente longínquos – embora, dada a inclinação do tabuleiro, se deixe cair um pouco mais para o lado do jazz.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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