O que salta à vista imediatamente em The Still Life, o terceiro disco de Alessi Laurent-Marke, são as diferentes peles com que se vestem as canções que dele fazem parte. A elasticidade estilística que trespassa as 13 canções deste disco é, sem sombra de dúvidas, o seu maior encanto. Algo facilmente perceptível bem antes de se chegar ao fim da sua primeira metade.

Na sua essência, The Still Life é um disco indie com sensibilidades folk, não muito diferente de registos de outras colheitas (se procuram algo novo vão ter de bater a outra porta). Ligeiramente cândido, assumidamente naïf, com arranjos cuidados, sempre à procura de melodia, quase sempre a ressacar por beleza. É isso: apesar de não ser um disco propriamente refrescante, The Still Life é um disco indiscutivelmente belo na sua forma e feitio.

Mas The Still Life nem sempre segue esse caminho de inocência e fofice descarada: numa canção como “Afraid of Everyone”, Alessi Laurent-Marke, mais misteriosa do que nunca, faz bom uso de recursos electrónicos e de alguma voluptuosidade para se afastar perigosamente do caminho de menina bonita. E bem. Se há coisa que ficava bem a The Still Life, como facilmente se constata, era 23% mais de libido.