DISCOS
Beach House
Bloom
· 08 Nov 2012 · 23:27 ·
Beach House
Bloom
2012
Bella Union / Popstock


Sítios oficiais:
- Beach House
- Bella Union
Beach House
Bloom
2012
Bella Union / Popstock


Sítios oficiais:
- Beach House
- Bella Union
Um belíssimo disco, mas será que chega?
Seria demasiado difícil repetir a proeza de Teen Dream: alcançar a perfeição através de um conjunto de canções tão belas quanto intemporais, tão passíveis de servirem como banda-sonora para o crescimento de uma criança como de aconchego a alguém com décadas de peso em cima e que precisa de derramar uma última lagrimita antes de partir feliz para junto de algo que não o físico. Que não se diga, nunca, que "Norway" e "Lover Of Mine", dois exemplos, não eram daqueles hinos para se ouvir, recordar, uma e outra vez, batendo forte o coração nostálgico, retirados de um disco que, mais do que os dois anteriores, colocaram os Beach House fora da sua bolha e no topo do mundo.

Em Bloom, temo-los como sempre o foram, capazes de compor canções bonitas de se amarem junto à lareira, pisando as folhas secas de outono, mirando o majestoso céu azul - capazes, enfim, de traduzir em três ou quatro minutos esse maralhal de emoções oriundas de gestos, acções, inconsequentes, embora deliciosas. Temos um grande disco de dream pop, esse género inventado um dia pelos Cocteau Twins e que tem sido reavivado com mais ou menos doses de ruído, algo que parece atemorizar o duo norte-americano. São demasiado frágeis para se entregarem ao barulho; um nível de volume acima e tudo se quebraria. Temos: "Wild", "Lazuli", "Troublemaker" e o paraíso estranho de "Irene", que poderia (não, à fava com o condicional: pode mesmo) muito bem ser uma auto-definição da sua música.

Bloom é belo, mágico, sonhador. Mas não é perfeito. Não fora a obrigação de o comparar com os trabalhos anteriores da dupla de Baltimore, estaria aqui, diríamos, um excelente trabalho. Sabendo do que já foram e são capazes Victoria Legrand e Alex Scally, passa apenas por óptimo. Sem que haja qualquer mal nisso; apenas alguma mágoa por constatar que, ano após ano, existem cada vez menos discos que definam vidas - e havia a esperança de que pudessem, os Beach House, guiar-nos até à nossa morte. Com Bloom é só por enquanto.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
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