DISCOS
Best Coast
The Only Place
· 11 Mai 2012 · 16:13 ·
Best Coast
The Only Place
2012
Mexican Summer


Sítios oficiais:
- Best Coast
- Mexican Summer
Best Coast
The Only Place
2012
Mexican Summer


Sítios oficiais:
- Best Coast
- Mexican Summer
Y U NO MAKE DECENT SONGS ANYMORE?
Existiam muitas imperfeições em Crazy For You. A banalidade das temáticas; o fio condutor indie saturante; a maior parte dos fãs que angariou (hipsters adolescentes, pessoas fúteis sem interesse algum senão para nos rirmos deles); a capa horrível; a insistência em, ou falta de imaginação para seguir outro caminho, utilizar palavras como "fun", "crazy", "lazy" e suas variantes irritantes. No entanto, mesmo com todas essas "qualidades", o primeiro disco de Best Coast continha um punhado de canções e melodias bonitas, coadjuvadas por um grau maior ou menor de lo-fi. E tinha na orelhuda "Boyfriend" um excelente single de estreia.

Passados dois anos, com a morte do hype, com alterações na banda e consequente perda gradual de importância, suspeitava-se que Bethany Cosentino fosse sucumbir à maldição do segundo disco. Não se esperava é que fosse um trambolhão tão tremendo. The Only Place não é apenas mau: é de uma secura tão grande que nem uma viagem a Fátima de joelhos por parte da nossa caríssima Ministra da Agricultura o salvaria. É fraco. É péssimo. É uma afronta ao rock n´roll. Na escala que vai de zero a Amor Fúria, talvez mereça um oito quase arredondando para nove, mas só porque "Dreaming My Life Away" consegue salvá-lo ligeiramente ali mais para o fim, canção twee com orgulho no passado Ronettiano.

Posto isto muito não há a dizer. Talvez seja a velhice ou outra coisa qualquer que leva a uma opinião tão forte sobre este The Only Place. Ou talvez seja o facto de que, ao contrário das compatriotas da nova vaga riot grrrl, como as Vivian Girls (cujo Share The Joy continha algumas das suas melhores canções) ou as Dum Dum Girls (que em He Gets Me High ou Only In Dreams se limitaram a aumentar o volume, mas isso por vezes é o melhor que se pode fazer), Cosentino não se conseguiu reinventar o suficiente. Abandonou a sujidade do lo-fi - que pode salvar um disco - em nome de uma estupidez country-garage-putaqueapariu-core. E isso fez toda a diferença. Ou, como nos diz em "Last Year", I used to wake up in the morning / And reach for that bottle of glass / But I don't do that anymore / Kicked me habits out the front door, sem se aperceber de que os (todos) cegos têm uma audição extraordinária e por conseguinte melhor propensão para a melodia. Que bocejo enorme.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
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