DISCOS
Wavves
Life Sux EP
· 29 Set 2011 · 09:51 ·
Wavves
Life Sux EP
2011
Ghost Ramp


Sítios oficiais:
- Wavves
- Ghost Ramp
Wavves
Life Sux EP
2011
Ghost Ramp


Sítios oficiais:
- Wavves
- Ghost Ramp
Um disco novo de Wavves vem sempre acompanhado de três coisas: 1) um FUCK YEAH! gritado a plenos pulmões no conforto do quarto, 2) pessoas fixes a mandarem mensagens no Facebook a dizer QUERO LINK PARA O LIFE SUX, 3) canções para ouvir, reouvir, remixar, aprender a tocar mal na guitarra e decorar todos os coros. Aliás, é esta simples fórmula que lhe confere muita da sua popularidade, e que permitiu que a banda sobrevivesse à queda em Barcelona. Qualquer outra teria cedido perante a internet hate hype machine manobrada por hipsters de todo o mundo. Felizmente que um anjo de nome Zach Hill estava lá para amparar o eterno adolescente Nathan Williams, e lhe deu a paz de espírito necessária para que este se pudesse sair com King Of The Beach, colisão entre o pop-punk dos nineties e o psicadelismo da era que colocou os Animal Collective no panteão.

É essa mesma linha que é seguida em Life Sux, que, apesar de ser um EP, pode muito bem ser dos melhores lançamentos de uma curta carreira. Apenas e só por isto: "Bug". Nunca uma canção de Wavves foi tão imediata - mesmo o hino "So Bored" e as melhores malhas de King Of The Beach precisaram de mais do que uma audição para se entranharem nos ouvidos. Aqui basta o (inevitável e indispensável) ruído da guitarra e o repetido you're no fun, you're no fun, you're no fun... para salvar o verão que agora se acabou. E que conta igualmente com a ajuda (não que precisasse), logo de seguida, da beleza pueril de "I Wanna Meet Dave Grohl" e o truque do refrão: I wanna meet... passa de imediato a I wanna be..., fazendo com que a chave da sua grandeza seja não a menção de Dave Grohl, mas o facto de que este puto que faz canções é um de nós. Quem não se imaginou já, enquanto ouvia uma canção sossegado, no lugar do artista, perante uma plateia?

Um EP que também tem as suas surpresas, casos de "Destroy", que conta com a presença de Damian Abraham dos Fucked Up (outro dos grandes, e não é pelo porte físico), e de "Nodding Off", bonita colaboração com a/s namorada/s Best Coast. "Poor Lenore", um take mais grunge no momento em que se colaboram os 20 anos de Nevermind e Ten, e "In The Sand", aqui em registo ao vivo, merecem igualmente destaque num EP que, não fosse talvez a preguiça advinda do modo de vida stoner (mas isto é, na verdade, uma falácia: como é que um tipo tão prolífico - três discos e carradas de canções em três anos - pode ser "preguiçoso"?), seria um dos discos do ano; bastava que tivesse mais três ou quatro canções da mesma estirpe. Por agora vamo-nos contentando, e muito, com estas.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
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