DISCOS
Thievery Corporation
Culture of Fear
· 21 Jul 2011 · 11:15 ·
Thievery Corporation
Culture of Fear
2011
Eighteenth Street


Sítios oficiais:
- Thievery Corporation
- Eighteenth Street
Thievery Corporation
Culture of Fear
2011
Eighteenth Street


Sítios oficiais:
- Thievery Corporation
- Eighteenth Street
Medo de arriscar?
Na capa de fundo preto, uma micro-câmara, espécie de smaller brother em vigília permanente; no interior, mais um tomo em que a dupla Rob Garza / Eric Hilton não desilude os ouvintes acérrimos da sonoridade lounge – elegante na fusão de elementos dub ou bossa nova – , mas também não arrisca muito nem tem o grão na asa de Cosmic Game, por exemplo. As latitudes musicais a que os músicos de Washington vão beber continuam inalteradas, mudando apenas alguns dos protagonistas que dão voz ao projecto. Soa mal? Não; o problema é que soa a mais do mesmo.

«Seems to me like they want us to be afraid, man / Or maybe we just like being afraid / Maybe we’re just so used to it at this point that it’s just a part of us / Part of our culture». A intro do tema-título é certeira – desde o 11 de Setembro que o nível de alerta não baixa, mesmo que o terrorismo actual seja mais de nível financeiro –, e entre o rap de Mr. Lif e a pulsão dos sopros, chega o apelo: «don’t succumb to this culture of fear». Apesar desta dica e das palavras de Ras Puma em “Overstand” ou “False Flag Dub”, este não é, ainda assim, um álbum com uma carga política tão vincada como Radio Retaliation, de 2008. Onde o antecessor era directo (“Vampires” ou “El Pueblo Unido”), Culture of Fear mostra-se mais etéreo, como em “Stargazer” (bela peça de dub narcótico para contemplar o firmamento no embalo de Sleepy Wonder) ou “Tower Seven” – instrumental em forma de longa deambulação atmosférica (quase oito minutos) entre o funk e o chill out. Até mesmo “Free”, a faixa final, apresenta mais interrogações do que certezas na voz de Shana Halligan.

Uma coisa é certa: a alteração de inquilino na Casa mais famosa de Washington trouxe grandes esperanças aos EUA e ao mundo, e muito mudou desde então, entre rupturas e expectativas por cumprir. Mas a embalagem das composições de Thievery Corporation não avançou grande coisa daí para a frente.
Hugo Rocha Pereira
hrochapereira@bodyspace.net
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