DISCOS
6th Borough Project
One Night In The Borough
· 29 Jun 2011 · 17:29 ·
6th Borough Project
One Night In The Borough
2011
Delusions of Grandeur


Sítios oficiais:
- 6th Borough Project
- Delusions of Grandeur
6th Borough Project
One Night In The Borough
2011
Delusions of Grandeur


Sítios oficiais:
- 6th Borough Project
- Delusions of Grandeur
House preguiçosa para dias quentes e ociosos.
O Verão está ai. Tal como a complacência para alguns discos que noutra altura do ano mereceriam a mais pura indiferença de quem ainda deseja profundidade e essência num disco house. One Night In The Borough é dos tais que com uma boa dose de condescendência se torna tolerável, especialmente quando calor incentiva despudoradamente a preguiça que há em nós. Pormenores estivais à parte, não se criem ilusões de paraíso imperfeito à primeira passagem pela música dos 6th Borough Project. O defeito conjectural do disco é bem real: um alglomerado de músicas que, definitivamente, não nasceram para estar enlatadas num álbum, muito menos num com uma natureza meramente compilatória.

As ilações extraídas do alinhamento são rápidas: a inevitável técnica de pilhagem da memória de 70, disco-sound, funk e soul, compactados em fantasias deep-house. Não fossem os pensamentos fortuitos e a batida estratégia de recuperação dos elementos clássicos – demasiado óbvios – e este disco de estreia da dupla escocesa Craig Smith e Graeme Clark até teria, no limiar, espaço no seu ADN para alguma envergadura poética, superando algumas limitações – frustrantes – do género, evitando a extensão dos temas até a um extremo que desafia paciência. Hipnotizar não implica matar-nos de tédio – um bom exemplo disso é a house delitosa e de verve profunda engendrada por iluminados como DJ Sprinkles ou Hot Toddy.

Apesar do encosto forçado da cabeça na parede a que a perseverança das mesmas ideias obriga ou a ocasional tentação em seguir frente para outra faixa, One Night In The Borough vale minimamente pelo calor humano que emana do seu núcleo. Percebe-se o elemento hipnótico, a constante sugestão hedónica para tirar a roupa e dançar nu pelas ruas, beber coquetéis nas praias de Ibiza ou fazer amor nas dunas durante o pôr-do-Sol; percebe-se tudo porque tudo é límpido, directo e despretensioso. O que não se percebe mesmo é a esterilidade da maioria das ideias e a completa falta de uma qualquer substância que solidifique a coerência do pensamento estético, algo remotamente inspirador. É pena pelo potencial desperdiçado a repisar o passado. É mesmo pena.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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