DISCOS
Morgan Packard
Moment Again Elsewhere
· 05 Abr 2011 · 10:18 ·
Morgan Packard
Moment Again Elsewhere
2010
Anticipate / Kompakt


Sítios oficiais:
- Morgan Packard
- Anticipate
Morgan Packard
Moment Again Elsewhere
2010
Anticipate / Kompakt


Sítios oficiais:
- Morgan Packard
- Anticipate
Tapete sonoro ideal para quem gosta de ambientes seleccionados.
E porque numa lógica de reconhecimento, há sempre tantos discos de um ano que transitam para o seguinte, eis o novo de Morgan Packard. Morgan Packard é o próprio, um geek na verdadeira acepção da palavra. A tal ponto, que este disco é composto num programa por ele criado, “Ripple” de seu nome. Usar um software criado pelo próprio não é para todos e a música que dele advém também se projecta para um nicho. Fãs de ambientes simples, sem batida ou apenas propulsionada por subtileza, com a suavidade de ondas sonoras a molhar os pés, para mergulhos ocasionais, mas sobretudo contemplação. Depois do seu primeiro Airships Fill The Sky já expor algumas das suas qualidades técnicas e bom gosto criterioso, navegando por Basic Channel e Tim Hecker, este disco traz Morgan mais seguro da sua proposta e dos seus objectivos.

É com laivos ambiciosos de Steve Reich que se revela em “Unveil”, abrindo em seguida o livro minimamente dançável em “Insist”, restauração de património de Vainqueur ou Tomas Jirku a finalizar na escola francesa da electro-acústica, Parmegiani ou diria melhor, Bayle, para miúdos. Este último comentário não é de todo negativo, é só o salientar de uma ponte entre gerações, com um vão de mais de 40 anos (e a crescer) de diferença. A electro-acústica está viva e recomenda-se. Se calhar por isso, Morgan chama “Persist” a uma das melhores faixas do disco. Piano sublime em lógicas melodicistas tipo Susumo Yokota, misturadas em formato nada distante de processos Raster Noton. Belíssimo.

Adjectivo que assenta que nem uma luva a “Although”, cristal bruto a ser esculpido por lasers que espalham a sujidade pelo tapete sonoro durante 5 bons minutos, para acabar num despertar da mente que acorda de frente para “Window”, onde o piano desconcentra o beat e vice-versa, tornando a dança impossível, a não ser que. E este a não ser que surge a meio da faixa, com a complexidade aumentada de sons e sonzinhos flutuantes que nos levam. E levam para “Again”, paisagem sublime de imaginação extra-terrestre que peca apenas por falta, de tempo, era faixa para mais que 2 minutos e qualquer coisa. Mas a supresa da rodela veio em “Moment”, num descascar lento de um sax maduro entre o clics & cuts coleantes que nos manipulam de paisagem para paisagem. Podia ser esta a última faixa, já que revela muito mais do que a última e curta “Reveal”. Recomendadíssimo.
Nuno Leal
nunleal@gmail.com

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