DISCOS
Gil Scott-Heron & Jamie XX
We´re New Here
· 07 Mar 2011 · 11:51 ·
Gil Scott-Heron & Jamie XX
We´re New Here
2011
XL Recordings / Popstock


Sítios oficiais:
- Gil Scott-Heron & Jamie XX
- XL Recordings
- Popstock
Gil Scott-Heron & Jamie XX
We´re New Here
2011
XL Recordings / Popstock


Sítios oficiais:
- Gil Scott-Heron & Jamie XX
- XL Recordings
- Popstock
O submundo das remisturas: uma faca de dois gumes.
Há discos que não passam de curiosidades, não se vislumbrando nada de substancial que verdadeiramente justifique a sua existência. E quando se trata de remisturas o caso torna-se ainda mais crítico. Com o propósito de proporcionar novos ângulos sobre a matéria-prima, a remistura, salvo pontuais excepções, tornou-se num mecanismo de mera rentabilização de produtos em vez da reordenação da arte. Porque tornar lixo em ouro não está ao alcance de todos, e uma revalorização, através de um inteligente cambio, é por si algo só ao dispor de umas quantas alminhas iluminadas, o exercício de reconversão da matéria sonora alheia tornou-se num exercício inútil e mercantilista.

Jamie XX ouviu o canto da sereia e caiu incauto na esparrela. Era tarefa hercúlea pegar em alguém com um historial único como Gil Scott-Heron, que, neste último ano, pouco mais procurou senão uma vida nova depois da redenção e reciclar esse novo estado de alma, trazendo, à luz de uma nova e oportunista razão, uma segunda via viável para o melómano. Jamie tentou sem grande sucesso. We're New Here não é um desastre completo porque o jovem produtor esforçou-se em nome do genuíno gosto que tem pela sua arte. Mas daí em diante nada de verdadeiramente de original e excitante nasceu de um exercício que nos tenta convencer das virtudes de um enquadramento pós-dubstep numa realidade hip-hop e r&b em slow motion.

Não lhe falta presunção nos ambientes melancólicos e fantasmagóricos que cria, sendo mesmo profícuo na imagem cinematográfica de deambulação solitária e introspectiva pelos becos de uma Nova Iorque fria e deprimida, mas Jamie Smith torna-se errante encaminhando o seu talento para opções óbvias mesmo quando converte radicalmente a matéria-prima. Solta-se poesia em "My Cloud" e tentam-se improvisações nos interlúdios divagantes de Heron, mas o resto soa forçado, criando alçapões que levam incautos em direcções falsas e recompensadoras no instante mais imediato. Momentaneamente giro, mas essencialmente inócuo. No fundo um perfume vulgar num invólucro fino e moderno que só mesmo no Carnaval não se deverá levar a mal.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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