Ainda Ghosts And Spirits assolava as nossas cabeças e já Nick Nicotine lançava um novo disco, agora enquanto presente adiado de Natal: Open Water está precisamente aberto a todos sem distinção entre raças e credo religioso - basta ter interesse no trabalho do faz-tudo do Barreiro. É só ir a um certo website e clicar com o botão esquerdo. E se não sabem qual é o site, façam um bocadinho de scroll down, cliquem no link para a resenha de Ghosts And Spirits, e resolvam-se a ouvi-lo também. Não custa mesmo nada.

Mas a música: Open Water deixa muito mais espaço para simplesmente disfrutar das canções sem que as pernas se sintam impelidas por qualquer força mística a dançar como nos cartoons da Warner Brothers da nossa infância (claro que "Dance With Her", com aquele refrão e ritmo latino, deita esta ideia completamente por terra, mas adiante). O disco é curto, mas cheio de boas intenções e, o que é melhor, de grandes canções: "Magical Girl" é um terno momento de romance adolescente - ou não, que ainda hoje existem muitos choninhas com trinta anos, graças a Deus - e "Love And Science" um bonito gospel made in Barreiro.

A dúvida sobre a premissa inicial - lados B de Ghosts ou disco de mérito próprio - dissipa-se com a entrada de "Caroline", imenso tema folk sobre uma rapariga e a saudade, que termina em choque eléctrico como se esperaria do artista em questão, prosseguido pela epifania nocturna de "Shadow´s There No More". Com tudo isto há apenas uma falha a apontar a Nicotine: obrigar-nos a ler cada vez mais, a aprender novos adjectivos para o elogiarmos. Os de base começam a escassear.