DISCOS
Johnny Cash
American VI: Ain't No Grave
· 24 Dez 2010 · 18:43 ·
Johnny Cash
American VI: Ain't No Grave
2010
American


Sítios oficiais:
- Johnny Cash
- American
Johnny Cash
American VI: Ain't No Grave
2010
American


Sítios oficiais:
- Johnny Cash
- American
Despedida serena dum ícone maior do que a vida.
Este é o capítulo final da série American Recordings (produzida pelo mago Rick Rubin) e da enorme carreira do Man in Black. Gravado em 2003, ano da morte do músico, foi lançado apenas este ano, por ocasião do seu 78º aniversário.

Gravado apenas três meses antes da morte de Johnny Cash (sendo que June Carter, a sua companheira de décadas, faleceu durante as gravações), este álbum tem uma forte carga emocional e espiritual – mas não com a forte carga dramática de “Hurt”, por exemplo. É a despedida de alguém que viveu tudo o que tinha para viver e que, sabendo que o seu dia se aproxima, está em paz consigo mesmo, não abdicando dos seus ideais.

Oiça-se, nomeadamente, “I Don’t Hurt Anymore”, postura serena perante a morte, que adivinha aproximar-se. Ou “For The Good Times”, que carrega nostalgia mas também esperança e amor: “Don’t look so sad / I know it’s over /But life goes on /And this old world will keep on turning. / Let’s just be glad / We had this time / To spend together / There is no need to wath the briges / That we’re burning. / Lay your head upon my pillow / Hold your warm and tender body close to mine / Hear the whisper of the raindrops / Blowin' soft against the window / And make believe you love me one more time / For the good times.” Esta será, talvez, a derradeira declaração de amor a June por parte do seu marido…

O álbum abre com o tema-título; e de facto não há sepultura que contenha a vida de Johnny Cash, uma das personalidades bigger than life do Século XX e inícios do Século XXI. “Redemption Day”, versão de Sheryl Crow, troca o compasso pelo dedilhado; e “I Corinthian’s 15:55”, a última letra manuscrita por Johhny Cash (reproduzida no livrete que acompanha o CD) voga entre o gospel e o country, o seu território natural. Se o disco abre com uma música em que Cash demonstra saber que nem a morte o parará, “Aloha Oe” serve de encerramento perfeito para este American VI. Partindo duma balada tradicional havaiana, Johhny Cash organiza uma festa na praia, onde toca para os seus amigos (os que lhe sobrevivem e aqueles com que se irá reencontrar em breve), reunidos à volta duma fogueira capaz de iluminar a noite mais escura. Após distribuir colares de pedras (preciosas) musicais por todos, Cash desaparece mar adentro… vestido de preto, é claro.

Aloha!
Hugo Rocha Pereira
hrochapereira@bodyspace.net
RELACIONADO / Johnny Cash