Sabemos onde entramos mal se ouve, via "Mediumship", a voz etérea de uma de duas loiras simpáticas anunciar: This time we´ll start it over. Talvez não cheguem a tanto, mas a verdade é que as No Joy (The best raging blondes since Kim Gordon, diz Bethany Cosentino no Twitter) mostram vontade - e mais que vontade, guitarras carregadas de fuzz - em resgatar o som de bandas como os Lush, Catherine Wheel ou Slowdive, três pontos obrigatórios para quem quer fazer a ponte entre o shoegaze como proclamado pelos MBV e o rock alternativo via SY.

O que as diferencia, então, das restantes bandas às quais se colou o rótulo Nu Gaze? O facto de soarem exactamente como 1992. As diferenças são tão mínimas que quase apostaríamos estar na presença de viajantes do tempo. E isto não é uma crítica; não advém nenhum mal ao mundo se as No Joy beberem de um trago só um dos períodos mais bonitos da história do rock n´ roll. Pelo contrário, há quem diga que o plágio é necessário e que é o progresso que o implica. Ghost Blonde, apesar das óbvias semelhanças, não é aborrecido ou sem ideias como muitos outros plágios. Os connoisseurs mais antigos, ou os miúdos que estão agora a começar nisto de olhar para os All Star enquanto se pensa no amor, terão em canções como "You Girls Smoke Cigarettes?" ou "Hawaii" belos momentos revivalistas.

Ghost Blonde acaba por ser assim o equivalente a sacar um trabalho da net e entregá-lo ao professor como sendo nosso - mas sem que este descubra. A nota continua a ser alta. As No Joy (e aí sim, poderá estar a diferença mínima) não se preocupam só em encher o disco de fuzz mas também em fazer bonitas canções. A única estranheza é mesmo o epíteto No Joy quando demonstram estar cheias dela.