DISCOS
Anthony “Shake” Shakir
Frictionalism 1994-2009
· 22 Jul 2010 · 19:13 ·
Anthony “Shake” Shakir
Frictionalism 1994-2009
2009
Rush Hour


Sítios oficiais:
- Anthony “Shake” Shakir
- Rush Hour
Anthony “Shake” Shakir
Frictionalism 1994-2009
2009
Rush Hour


Sítios oficiais:
- Anthony “Shake” Shakir
- Rush Hour
Das margens até ao mainstream e de volta às margens, ou como a música se reinventa sucessivamente mas num espaço limitado: o círculo existencial.
Numa fase do evolucionismo darwiniano em que as linguagens House e Techno se desencontram de tal modo massificadas e banalizadas, na sequência de uma abrupta deslocação tectónica desde as margens (a cultura underground dos anos 80 e 90 ou, mais prosaicamente, “os maluqinhos das raves”, como eram então apelidados pelos mesmíssimos puristas do Rock n’ Roll que, entretanto, já não passam sem uma batidazinha electrónica) até ao mainstream, nada melhor do que ir respigar nos velhos clássicos do eixo Chicago-Detroit em busca da verdadeira cena old school que, de tão básica e despojada, nos soa mais sofisticada do que nunca.

Anthony “Shake” Shakir é um dos grandes mestres do Techno de Detroit, a par de outros produtores como Derrick May e Juan Atkins, só que muito menos reconhecido, sobretudo do lado de cá do Atlântico. A que propósito? Porque sempre se recusou a divulgar as suas produções nos mercados europeus, mergulhando numa obscuridade que se cristalizaria ao longo dos anos, lançando discos somente pela própria, e marginal, editora Frictional. Posto isto, louvada seja a Rush Hour por compilar uma fatia essencial do filão escondido de Shakir: são 35 faixas comportadas por um triplo álbum que se explora com a sagacidade de quem parece estar a redescobrir a pólvora da dita “música de dança”.

Não obstante o paradigma minimal, cruzam-se por ali diversos ingredientes, desde o Jazz até ao Hip-Hop, abrindo novos caminhos, novos cenários, novas texturas, como que numa busca incessante pelo beat mais perfeito e original. Nas mãos (ou ouvidos) dos mestres da pilhagem pós-moderna, esta tripla preciosidade deverá ser samplada até à exaustão. Pelo que nos acompanhará durante muito tempo, quer na versão primária, quer na reconversão secundária das próximas produções de Timbaland, The Neptunes e afins. Em suma, eis um clássico instantâneo.
Gustavo Sampaio
gsampaio@hotmail.com

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