DISCOS
Hot Chip
One Life Stand
· 07 Abr 2010 · 12:46 ·
Hot Chip
One Life Stand
2010
EMI


Sítios oficiais:
- Hot Chip
Hot Chip
One Life Stand
2010
EMI


Sítios oficiais:
- Hot Chip
New Order, Madonna, resquícios house, baladas épicas? Uma maravilha pop no ano da graça de 2010.
No disco anterior, Made in the Dark (2008), os Hot Chip tinham alcançado um notável balanço entre apelo de pista e uma mão cheia de canções pop de primeira água ("Ready for the floor" permanece ainda como um pequeno milagre – como Sasha Grey, tem tudo no sítio).

Em One Life Stand sossegam e dedicam-se ao amor – o título é perfeito para dedicarem às namoradas e namorados. E saem-se com o seu melhor disco, ao explorarem decididamente o seu lado mais melódico com uma confiança à prova de bala, fruto da apurada escrita de canções da dupla Joe Goddard e Alexis Taylor, que assina a maior parte das composições.

Os Hot Chip de 2010 são uma banda que conseguiu abrir-se à pop, sem dizer adeus às suas idiossincrasias. "I Feel Better" está repleta de cordas sintéticas desavergonhadamente pop, que os cínicos poderão descartar como pirosas, e que, mais à frente, hão-de parecer decalcadas de "Isla Bonita" de Madonna. "Thieves in the Night" lembra a pop perfeita dos New Order, enquanto "One Life Stand" arranca como uma canção dos Hot Chip antigos (dançável, levemente esquisita e dissonante) para se revelar plenamente no refrão estupidamente pop – guitarra funk, uma voz manipulada até se tornar fantasmagórica.

One Life Stand refreia os intentos de pista do grupo, mesmo que "We Are Love" (com sample vocal cosido de forma sublime com o refrão e a batida house) seja um dos melhores temas da discografia. Boa parte do disco mostra uns Hot Chip mais pacientes do que nunca: "Brothers" surge como uma balada épica, "Alley Cats" é um local de paz, com camadas vocais milimetricamente desalinhadas e guitarras soft rock e "Slush" conta com uma brilhante participação de Charles Hayward, baterista dos This Heat, que toca bateria e canta no tema.

Em dez canções, os Hot Chip nunca descem à mediania. Eram um prazer pop de malta que não tinha a pop como primeira opção auditiva; têm agora condições merecidas para chegar a todo o mundo.
Pedro Rios
pedrosantosrios@gmail.com
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