DISCOS
Pulby
The Soundfreeze EP
· 29 Abr 2003 · 08:00 ·
Pulby
The Soundfreeze EP
2003
Dead Digital


Sítios oficiais:
- Dead Digital
Pulby
The Soundfreeze EP
2003
Dead Digital


Sítios oficiais:
- Dead Digital
Uma análise à história pop/rock de Manchester não se compadece com os novos projectos que refrescam a cidade, pendendo sempre em favor das bandas das décadas de 70 e 80. Sendo um local onde os efeitos da Revolução Industrial se manifestaram mais, é natural que uma classe muito inglesa despontasse em diversas subculturas. Fala-se quase sempre dos New Order, dos Joy Division, dos A Certain Ratio, dos Smiths, dos James, dos Stone Roses, dos Happy Mondays e de alguns outros para nos esquecermos (Oasis à parte) daqueles que têm dado o verdadeiro contributo para uma Manchester mais rica musicalmente nos últimos anos. É certo que uma referência à Factory e aos seus feitos é obrigatória, não tivesse estado ela no epicentro de uma carga que acabou por elevar Manchester ao estatuto de umas das musicalmente mais agitadas praças pop do globo. Mas porque razão esquecemos, sistematicamente, editoras como a Grande Central ou a Paper e músicos como Badly Drawn Boy? Porque na época em que a informação corre à velocidade da luz não tempos tempo para descobrir um movimento aprofundadamente, uma cidade, ou qualquer coisa do género. Porque se o fizermos, e é tal o fluxo de informação, perdemos tudo o resto.

Dead Digital. Se desconhece a editora, então as informações atrás contidas fazem prever que é de Manchester. E é mesmo. A Dead Digital engloba um conceito que vai da música às artes gráficas (bem patentes neste disco) e tem nos projectos Pulby e Primitive Painter os mais importantes representantes da sua música, e os únicos que já viram material editado pela pequena label. Mas é pena. É pena que esteja relegada para o tal segundo plano mencionado anteriormente porque a sua música faria todo o sentido como sendo uma representante do novo som que sai de Manchester.

Mas centremos, por agora, as atenções no projecto de Maurice Carlin, Pulby. O segundo cd de apresentação (além da faixa publicada na compilação “Bedroom Ambience III”), “The Soundfreeze Ep” mostra mais quatro temas interessantes deste projecto, cruzando electrónicas com instrumentos tradicionais. “Seven Days In Space” é a faixa de abertura e a mais forte de toda a mostra, e não é por acaso que alguém a descreveu como sendo Boards of Canada ao dobro da velocidade, sem perder toda a magia etérea. Electrónicas e ruídos em fundo, com baixo e bateria a marcarem um ritmo permanente com as vozes de Maurice Carlin a mostrarem-se particularmente interessantes neste registo, talvez porque nunca são “esticadas” além da sua capacidade. “Highlights” está orientada num registo mais movimentado, sugerindo quase uma ideia de música de dança. A repetição volta a ser usada ao serviço da canção, e é elemento fundamental no desenrolar de todas as músicas. A terceira faixa, “Big White”, desdobra-se num ritmo mais lento, e apresenta mais elementos catalisadores, dando a ideia de um som mais confuso, mas ainda assim interessante. O final de “The Soundfreeze Ep”, ou seja, a faixa “The End of The Soundfreeze” é a mais curta (cerca de quatro minutos) e serve como descanso depois de três faixas “aceleradas”. Uma canção muito minimal mas com uma beleza invulgar, com notas de um piano (será mesmo um piano?) a soltar-se tão naturalmente como o desenrolar da música.
Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net

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