DISCOS
Stephen Malkmus & The Jicks
Pig Lib
· 18 Abr 2003 · 08:00 ·
Stephen Malkmus & The Jicks
Pig Lib
2003
Domino


Sítios oficiais:
- Stephen Malkmus & The Jicks
- Domino
Stephen Malkmus & The Jicks
Pig Lib
2003
Domino


Sítios oficiais:
- Stephen Malkmus & The Jicks
- Domino
Tornou-se claro em finais de 1999 que os Pavement tinham terminado. Restava a pergunta “E agora?”. Qual seriam os “restos” de uma das melhores bandas indie rock de 90? Que amargurada herança estaria destinada a quem os acompanhara durante toda a década? Os Pavement foram (ainda há quem tenha outra opinião?), uma das mais distintas e inventivas bandas indie/lo-fi a emergir em solo norte-americano naquele fim de século. Quando, no Verão de 2000, foi anunciado que Stephen Malkmus e Scott Kannberg estavam a preparar álbuns a solo, tudo se tornou por de mais evidente. Essa <<estreia>> seria dada em 2001, num álbum que deixou algumas pessoas receosas, o que levou a um reencaminhar de expectativas para um próximo disco.

Passaram apenas dois anos desde a estreia homónima, e o caminho de afastamento face ao que Malkmus vinha fazendo começa a ser cada vez maior. Com os The Jicks (Joanna Bolme no baixo, Mike Clark nas teclas e guitarra e John Moen na bateria), que antes apenas serviram como suporte, Stephen Malkmus assina um reencontro pessoal (mais que pessoal, global) com a música rock. E não é o rock do surto neo new wave que recentemente invadiu o mercado, nem tão pouco o rock <<a sério>> dos Queens of The Stone Age. É mais um rock que se confunde com a folk, que se aproxima das regras clássicas da escrita da canção, e por isso mesmo muito próximo da melodia pop. Por outro lado, consegue introduzir novos elementos a um género cada vez mais gasto, como o acordeão, o órgão de igreja e o mellotron. Mesmo assim, e se considerarmos esse um objectivo de Stephen Malkmus, Pig Lib falha ao tentar reformar. Não existe aqui nada de verdadeiramente novo, mas antes uma simbiose de novos elementos que apenas se confundem com os chamados clássicos. Se, ao invés, não quisermos pensar nisso, então temos um grande disco de canções que apenas demonstram algumas evidências que todos já conhecemos desde os tempos dos Pavement. Mas numa era do conhecimento planetário, com o aparecimento de pequenas labels por todo o cantinho onde se faça música, essa será uma tarefa cada vez mais difícil, e o grande objectivo das próximas décadas.

São onze canções envoltas num embrulho refinado, com um sentido de <<bom gosto>> bem adornado. Ao ouvir Pig Lib não podemos deixar de perceber como tudo está incrivelmente correcto, e a sensação era-mesmo-isto-que-tinha-de-vir-a-seguir deixa-nos bem connosco próprios. Não é um daqueles quadros que exige uma contemplação demorada. Exige, antes, um olhar imediato e sensível. Como se de um elemento natural se tratasse, uma paisagem onde um equilíbrio e uma harmonia perfeita co-habitam distintamente . Não que já não a tenhamos visto mais vezes, mas encontramo-la aqui com uma sol particularmente radioso.
Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net

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