DISCOS
The Big Pink
A Brief History of Love
· 22 Set 2009 · 14:32 ·
The Big Pink
A Brief History of Love
2009
4AD / Popstock


Sítios oficiais:
- The Big Pink
- 4AD
- Popstock
The Big Pink
A Brief History of Love
2009
4AD / Popstock


Sítios oficiais:
- The Big Pink
- 4AD
- Popstock
O melhor é mesmo a capa.
A 4AD bate no fundo com The Big Pink. Desta vez, o melhor que os adeptos de Pixies ou Cocteau Twins têm a fazer é esquecer que o selo marcado nesses discos é o mesmo que surge por acidente neste A Brief History of Love, o debute mal amanhado da banda londrina. O golpe é particularmente doloroso quando recordamos todas as vezes em que a label de sonho (muitos proporcionados na década de 80) evitou perseguir a tendência de guitarras e boémia nocturna, reavivada pelos Interpol e depois pelos National e reconhecida pelo fabrico de bandas engravatadas sem uma virgula a acrescentar ao registo (existem às patadas e cada uma pior que a outra).

Se o plano era encontrar um equivalente britânico para os TV on the Radio (também ligados à 4AD), o patrão Ivo Watts-Russell podia ter ido além do que escreveu no post-it:Apressar contratação de banda que meta ao barulho batidas electrónicas e desvarios shoegaze. Pouco importa se a fórmula química dos Big Pink é essa, quando o agrado destas faixas é igual ao provocado por um dentista sádico diante de um dente podre.

Quase tão podre como as comparações que associaram os Big Pink aos My Bloody Valentine (Deus), na tentativa de alimentar um hype, que arrastava também o peso das colaborações com a nobreza do ruído Sunn o))) e Alec Empire. Robbie Furze e Milo Cordell podiam até ter sido produzidos por Brian Eno e, mesmo assim, ter ficado aquém das canções. Não há volta a dar-lhe: A Brief History of Love contém apenas serradura brit no lugar das canções. O single (?!) “Dominos”, além de um refrão primário (These girls fall like dominos), esgota a paciência com a pior imitação possível da voz de Conrad Keely dos Trail of Dead. Em fuga, os ouvidos, que encontrarem os My Chemical Romance ao virar da equipa, podem até pedir abrigo aos rapazes.

Nem a montra salva o convento. Na capa, uma mulher nua parece estar a beliscar o mamilo esquerdo, como quem procura verificar se está realmente a viver o pesadelo de ser fachada para um disco tão oco. Mereces bem melhor, Laura Palmer. Podias, pelo menos, ter figurado numa capa de Kasabian ou de Editors (ou merda parecida). A Brief History of Love é um grosseiro prejuízo para a 4AD e o lanterna vermelha da Liga em que competem as bandas que desejam vir a ser qualquer coisa um dia. E é assim que uma breve história do amor dá origem a uma breve história do ódio.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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