DISCOS
Prince Charming
Lapis Lazuli
· 22 Jul 2009 · 14:36 ·
Prince Charming
Lapis Lazuli
2009
Karlrecords


Sítios oficiais:
- Prince Charming
- Karlrecords
Prince Charming
Lapis Lazuli
2009
Karlrecords


Sítios oficiais:
- Prince Charming
- Karlrecords
Paladino do illbient compõe banda-sonora para o épico de ficção-científica em que Chuck Norris nunca chegou a participar.
Existe algum engodo no nome e reputação de Prince Charming. A sua página oficial é guarnecida por rios de informação, mas, depois de uma vistoria suficiente, ficamos a saber de um percurso que podia pertencer a várias figuras: mago da electrónica faz-se rijo com o negrume do som de Detroit e muda-se depois para Brooklyn, onde as características mais hipnóticas e macabras do dub foram exercitadas até que alguém se lembrasse de atribuir a isso o nome de illbient.

Daí germina aquele tipo de empolgamento que leva à procura dos discos, e Prince Charming tem dois que respondem pelo seu “auge”: Psychotropical Heatwave e Fantastic Voyage correspondiam à estética da WordSound (casa especializada no illbient) expondo a rugosidade e aspecto cadavérico do dub-macumba e reproduzindo, além disso, o atrito de um duelo Shaolin, que é característico de muitas produções de RZA para o seu Wu-Tang Clan. Ninguém estranharia encontrar alguns dos ritmos de Psychotropical Heartwave à mercê do sabre lírico de O.D.B. e Ghostface Killah (como nos bons velhos tempos).

Prince Charming tem um passado que um americano designaria por dope e um presente flagrantemente balofo. A comprová-lo, o disco de “barro à parede” Lapis Lazuli (cujo subtítulo tem sensivelmente 300 palavras) procura simular a descida de um género-maior à terra, mas chega a ser embaraçoso a cada vez que tenta vergar o dub e a música dos filmes de ficção-científica até aos seus ângulos mais pretensiosos.

Na prática, ficamos com um disco que esgota a megalomania do cinema de James Cameron como recurso para uma electrónica anormalmente inchada e com cheiro a mofo. Lapis Lazuli é longo e insípido. Assim, Prince Charming arrisca-se a ficar no lugar de um sub-The Bug com tendência para abusar dos sub-graves e do dramatismo, como se esses servissem para anunciar uma cena em que Chuck Norris racha o peito de um robô com um grande pontapé. E até o Chuck Norris soube escapar a filmes de ficção-científica tão maus como este…
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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