DISCOS
Bachelorette
My Electric Family
· 18 Jun 2009 · 21:41 ·
Bachelorette
My Electric Family
2009
Drag City / Flur


Sítios oficiais:
- Bachelorette
- Drag City
- Flur
Bachelorette
My Electric Family
2009
Drag City / Flur


Sítios oficiais:
- Bachelorette
- Drag City
- Flur
Bachelorette 3 – Telepathe 0. O progressivo faro pop de Annabel Alpers resolve.
Tudo o que é entendiante nas Telepathe passa a ser apetecível quando Bachelorette entra em cena. Mesmo que a comparação fosse evitável, o segundo disco de Annabel Alpers, entregue aos trajes de Bachelorette, é capaz de provocar algum embaraço às duas meninas de Brooklyn pelo fraco desempenho em Dance Mother (muito hype, pouca uva). Ambos são discos de entoação (e intuição) feminina e vozes carregadas de eco: enquanto My Electric Family passeia entre as nuvens da electrónica mais colorida, Dance Mother remete-se à noite púrpura e elegante lá do Brooklyn. Ao lado dessa, existem outras diferenças: o primeiro progride a curto (dentro das faixas) e longo prazo (dentro do álbum), privilegiando sempre a canção; o segundo é um disco geralmente estanque que coloca a produção de Dave Sitek (dos TV on the Radio) à frente das canções. My Electric Family vence logo aí.

Quando o pavio da electro-pop já parecia torrado pelo desgaste, eis que My Electric Family repõe a chama onde esta não se extingue: na canção que, na sua elevação melódica, activa dispositivos até poder aproveitá-los num bonito planar que recorda os Blonde Redhead de 23 (discão!). O exemplo mais flagrante de como a união faz a força pop de My Electric Family reside em “Her Rotating Head”: durante dois minutos e pouco, a bateria pedala um ritmo para pés descalços, até que os restantes dois minutos fiquem à disposição da voz de braços abertos, como quem imita o avião. Aquele Aaahah aaahah aaahaah… pode ser o incentivo do futuro para putos que não querem comer a papa.

É extremamente difícil resistir às manobras pop de um My Electric Family feito com instrumentos ligados à corrente (sintetizadores, etc.), embora apresentados como brinquedos de dar corda (só assim funciona “Technology Boy”). Esse charme kiwi (Annabel é neozelandesa) cega ao ponto de relativizar alguma falta de objectividade. Por agora, serve muito bem para matar a fome de quem aprecia sonhar assim. Estamos a nadar entre uma das boas surpresas deste ano.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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