Vai-se tornado habitual, para um amante de jazz, assistir ao desaparecimento das figuras icónicas que marcaram a sua história. O tempo passa, a idade não perdoa, não há nada a fazer, aceita-se o facto com naturalidade. Mas quando a morte chega a um músico ainda jovem, o acontecimento toma dimensões de tragédia. A morte de Esbjörn Svensson chocou o mundo, por se tratar de um músico com apenas 44 anos de idade.

Este disco, gravado e concluído muito tempo antes do seu trágico acidente de mergulho, mostra que o músico ao leme do trio EST se encontrava numa fervilhante fase criativa. Além de se focar na melodia, mantendo um elevado patamar de lirismo, de trabalhar as composições como filigrana e de desenvolver os habituais crescendos trepidantes (coisas boas que já conhecíamos bem), há neste disco algo mais. A electrónica é agora usada sem moderação e invade os espaços à vontade, imiscuindo-se, barulhenta, pelas músicas, transformando-as sem receios. E o resultado acaba por soar fresquíssimo, original.

Svensson (piano), Berglund (contrabaixo) e Öström (percussão) atingiram com este disco um pico novo criativo - o nível alcançado com Viaticum foi claramente ultrapassado e este Leucocyte passou a ser a nova referência máxima do EST. Infelizmente, este momento máximo corresponde ao último. Gostávamos que a obra se prolongasse por muitos e longos anos, que a discografia se estendesse por muitos e bons álbuns. Mas seria difícil imaginar uma despedida tão perfeita como esta, com este disco brilhante.