DISCOS
Stereolab
Chemical Chords
· 10 Out 2008 · 09:34 ·
Stereolab
Chemical Chords
2008
4AD / Popstock


Sítios oficiais:
- Stereolab
- 4AD
- Popstock
Stereolab
Chemical Chords
2008
4AD / Popstock


Sítios oficiais:
- Stereolab
- 4AD
- Popstock
Regresso (ainda mais) luminoso da banda britânica assente na previsiblidade.
Dada a sua periodicidade e coerência, poder-se-ia substituir qualquer resenha feita a um novo trabalho dos Stereolab por uma inclusão bianual no clássico Borda d`água. Tal como as suas previsões para as colheitas são imunes a falhanços, também as palavras depreciativas ou elogiosas a qualquer álbum dos britânicos se sustentam no quão similares são todos os seus álbuns pós-Mars Audiac Quintet. O crítico sempre pode tentar embelezar a situação descrevendo os pequenos detalhes electrónicos que não eram tão evidentes no anterior, ou dissecar o significado dos manifestos socialisto-românticos de Laetitia Sadier. Pode até mesmo forçar alguma magia nas palavras que dirige, mas não terá outro propósito senão alertar o público que existe um novo álbum de Stereolab que ainda não ouviram (e muito possivelmente, nem irão ouvir).

Este mesmo texto será também ele obviamente inútil e cairá no conformismo com que Chemical Chords, (tal como todos os outros álbuns) tem sido tratado pela comunidade (só para o apelo socialista), mas a compilação de singles Fab Four Suture era de uma dormência tal, que Chemical Chords só poderá ser recebido com carinho, e uma redobrada atenção. Margerine Eclipse parece ter iniciado uma nova fase na carreira da banda, após a morte de Mary Hansen, numa depuração do seu som característico que passa pela simplificação das suas estruturas e arranjos. Depois do barroquismo (alguns dirão) excessivo de Sound Dust ou do sobrevalorizado Cobra and Phases Group Play Voltage in the Milky Night se ter esvaziado de sentido, coube passar o enfoque à escrita de canções concisas e pretensamente memoráveis.

Comparativamente, será seguro apelidar Chemical Chords de "disco de Verão dos Stereolab", dada a frescura que transborda de "Three Woman" ou de "Cellulose Sunshine", alicerçadas nos habituais arranjos luxuriosos (felizmente despretensiosos) da banda. "Vortical Phonoteque" traz o melhor título do disco e um solo de guitarra, que é coisa rara nos Stereolab, enquanto o impulso motorik de "Valley Hi!" atesta a fórmula Neu! + Beach Boys com resultado muito positivo. Colar melodias no cérebro é algo que os Stereolab inevitavelmente perderam, mas se o pézinho ainda bater 5 minutos depois de escutar a alegremente dançante "Self Portrait with Electric Brain" a missão dos Stereolab terá sido cumprido com sucesso. Caso contrário, seria desnecessário estar a aborrecer o cérebro, mas a inutilidade da crítica mantém-se (e os fãs, a existirem, irão sempre gostar). E não deixa de ser (apenas) mais um belo disco dos Stereolab.
Bruno Silva
celasdeathsquad@gmail.com
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