DISCOS
Smashing Pumpkins
Mellon Collie and The Infinite Sadness
· 21 Jan 2003 · 08:00 ·
Smashing Pumpkins
Mellon Collie and The Infinite Sadness
1995
Virgin


Sítios oficiais:
- Smashing Pumpkins
- Virgin
Smashing Pumpkins
Mellon Collie and The Infinite Sadness
1995
Virgin


Sítios oficiais:
- Smashing Pumpkins
- Virgin
Como música (por vezes ruído) de fundo daquele conjunto de acontecimentos chamado adolescência, os Smashing Pumkins foram essenciais. Estiveram presentes em tantos momentos quase-mágicos. Nos fins de tarde por dentro dos lençóis, em naves espaciais inacessíveis, e nas festas onde aconteciam descobertas, onde lentamente respondíamos pelo nosso presente. Por tudo isto os SP merecem esta não-‘review’, este acordar do fundo do baú. Por tudo isto o papel do crítico é um limbo. Este álbum não tem nota, não o meço, não o avalio. Escrevo sobre ele porque, ao retirá-lo da camada de pó que o aprisionava e colocá-lo na aparelhagem, lembrei-me, de repente, do que significavam os minutos de cada música, transmutados para há alguns anos atrás, e muito provavelmente ouvidos da alvorada ao crepúsculo (“tonight tonight”, “cupid de locke”, “porcelina of the vast oceans”), e deste às profundezas da luz estelar (“thirty-three”, “1979”, “stumbleine”).

Quem não se lembra das horas eternas dos 14, 15, 16 anos, em que a passagem vagarosa para a escuridão das estrelas apenas significava a continuação, ou o início, da troca de palavras e sensações com os amigos? Essas horas foram, para mim e para um imenso grupo muito para além do grunge, preenchidas pelo “Siamese Dream” e por este “Mellon Collie”(de que é o follow-up), que nos suportavam e expandiam, através das suas palavras, tão de acordo com os sonhos de Verão e com as horas tristes de Inverno, e dos seus sons, agressivos para libertar as raivas incompreendidas e incompreensíveis e suaves e gentis para nos entregarmos de novo à nave espacial. Assim procurávamos também as raridades, os lados b, as histórias, o mito.

Hoje, que me esquecia deste álbum no meio de todos os outros, foi a noite onde crucifiquei o insincero, e onde descrevi os momentos indescritíveis da minha vida. O impossível é possível.


Post Scriptum: sendo este álbum tão impossível de avaliar, porquê a nota que dei? Tentei, por mais difícil que seja, distanciar-me e dar uma nota “neutra”, como se hoje fosse a primeira vez que ouvisse o álbum. Como se isso fosse possível. Por isso, faria mais sentido não dar nota at all.
Nuno Cruz

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