DISCOS
Awesome Color
Electric Aborigines
· 02 Jun 2008 · 08:00 ·
Awesome Color
Electric Aborigines
2008
Ecstatic Peace


Sítios oficiais:
- Awesome Color
- Ecstatic Peace
Awesome Color
Electric Aborigines
2008
Ecstatic Peace


Sítios oficiais:
- Awesome Color
- Ecstatic Peace
Numa semana que recebe por cá os Awesome Color em dose dupla, é bom saber que há ainda quem sirva o rock como tequilla bum-bum.
Todo o pudor é desnecessário na hora de frisar o bom nome dos Awesome Color como portadores de tocha rock bem acesa, etiqueta rasteiríssima e atitude descomprometida geralmente apontada a golpes abaixo da cintura. Serve como prova B a essa tripla acusação o segundo longa-duração Electric Aborigines, espécie de indígena psicótico com a libidinosa herança de Detroit pendurada até aos joelhos e um apetite por fuzz e abusados riffs apenas comparável à fome de Paris Hilton pela tal “herança de Detroit pendurada”. Até aí nada de muito impressionante. O caso muda de figura quando se percebe que os Awesome Color revêem as lições clássicas do rock (Black Sabbath descarado em “Already Down”, Led Zeppelin e os instrumentos exóticos em “Come and Dance”) com a curiosidade do protagonista (Xixo) da comédia Os Deuses Devem Estar Loucos, quando descobre pela primeira vez uma garrafa de Coca-cola. !!!

Não é de admirar que seja a Ecstactic Peace – a label de Thurston Moore dos Sonic Youth - a proporcionar mecenato editorial aos Awesome Color. O conhecimento enciclopédico de Thurston Moore, no que respeita à história do underground norte-americano, será suficiente para activar nele um sexto sentido que nutra imediata simpatia pelo trio Awesome Color, que, à sua maneira, são descendentes tardios e bravos representantes da emenda aditada à Constituição do rock dos anos 90 pelos Mudhoney, quando decidiram ir o mais longe possível, sem nunca se levarem muito a sério ou tentarem desesperadamente ultrapassar o impacto do single-chamariz “Touch Me, I’m Sick” (cujo mote lírico é doentiamente estúpido).

Além de ser ligeiramente superior ao primeiro disco homónimo (que aparenta ter sido mais apressado na sua concepção), Electric Aborigines serve para proporcionar noites agitadas e um sono mais descansado aos puristas que entendam que o rock deve ainda ser servido sem grandes truques na manga - como uma comodidade (quase) gratuita e incondicional. Faltará apenas o traje ridículo a quem quiser ocupar o lugar do forcado diante de um boi espicaçado como Electric Aborigines. Todos aqueles que se estejam a borrifar para o significado e correspondente musical do termo “afro-pop” (muito em voga nestes dias) podem bem encontrar por aqui uma das mais sólidas confirmações do ano.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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