Apesar do seu sobrenome italiano, Eric Carbonara vive em Filadélfia mas até poderia viver na Andaluzia. “Carbonara” como nome pode dizer pouco mas editar nas séries Wooden Guitar da Locust diz muita coisa. E também diz muita coisa quando já se gravou Jack Rose (Eric Carbonara além de músico é também engenheiro de som). Mas porque as acções falam mais alto do que as palavras, Eric Caebonara, que explora uma palete variada de músicas, arrisca em Exodus Bulldornadius uma aventura acústica delicada – mas muito recompensadora; uma viagem extensa pelo mundo da guitarra.

Apetece começar por dizer que Exodus Bulldornadius é um disco belíssimo do primeiro ao último segundo. São ao todo sete composições onde Eric Carbonara funde a folk com o flamenco, explora o silêncio e a falta dele, admite a falha como algo natural. Este é claramente um disco onde o erro não faz o músico parar mas sim avançar (recuperar do engano é uma grande virtude). Não há rede de segurança mas nem por isso há medo de não a ter. E é por essa perigosidade sempre constante (porque se repete de audição em audição) que Exodus Bulldornadius é um disco tão belo.

“Lullaby for a Setting Sun” assegura só por si o selo de garantia de qualidade deste Exodus Bulldornadius; maravilhoso turbilhão de emoções disfarçado de delicadezas acústicas, envolto em rodriguinhos totalmente necessários e prementes, imerso numa estado a meio caminho entre a felicidade modesta e a melancolia que não chega o chega a ser. Cabe dentro da canção mil pedaços de possíveis grandes canções. Há muitas canções dentro destas 7 canções. Imaginárias ou reais, pouco importa. Mas nem só de calmaria se faz este Exodus Bulldornadius. "Dead Trees in the life of Speed", por exemplo, chega a ser violenta no acelerar das cordas e nas mudanças de humor. Coisas de quem faz música com as emoções à flor da pele. A guitarra nas mãos de Eric Carbonara tem um poder imenso: o da imprevisibilidade. E não saber o caminho que vamos tomar ainda tem algum encanto. Não tem?