DISCOS
Interpol
Our Love to Admire
· 21 Nov 2007 · 08:00 ·
Interpol
Our Love to Admire
2007
Capitol / EMI


Sítios oficiais:
- Interpol
- Capitol
Interpol
Our Love to Admire
2007
Capitol / EMI


Sítios oficiais:
- Interpol
- Capitol
Terceiro disco dos nova-iorquinos revela-se uma desilusão. Turn on the Bright Lights já só se vê ao longe.
Com Turn on the Bright Lights os Interpol alcançaram um lugar privilegiado junto dos corações indie de muitos. Alcançaram o amor por parte de outros tantos. Por uma boa razão. Porque tiveram mérito na recuperação não totalmente copista das sensibilidades de bandas como os Joy Division, os Chameleons ou os Sound. Mas não só. O disco de estreia dos nova-iorquinos era um disco intenso e emotivo, urgente e muito coerente. O seu sucessor, Antics, não voltou a repetir a graça e o feito mas deixou bons apontamentos – e algumas boas canções pelo caminho. Esperava-se dos Interpol um terceiro disco que voltasse a mostrar a premência e a intensidade do primeiro disco mas não é o que acontece em Out Love to Admire.

Não é preciso pensar muito para apontar este como o registo menos forte dos Interpol até hoje. Nem é tanto pelo facto de repetir algumas ideias de discos passados – eles que até tentam visivelmente mudar um pouco o rumo (com oboés e cordas e outras coisas inesperadas). É sobretudo pela sensação que o processo de escrita da maior parte das canções ficou a meio, ou perdido entre ideias maiores e na busca de um novo caminho. Não há de facto uma única canção que chegue perto do conjunto conseguido com Turn on the Bright Lights; e poucas estão ao nível das melhores de Antics. O caminho mais fácil seria apontar aos Interpol a incapacidade de viver de acordo com as expectativas; mas o mais indicado será pensar que é complicado viver durante muito tempo da forma explorada em Turn on the Bright Lights - que é o que fica no final apesar da tentativa de renovação.

Canções como “The Heinrich Maneuver”, “Pace is the Trick” e “Wrecking Ball” até dão a ideia de que Out Love to Admire é um disco com algumas ideias atraentes mas grande parte das tentativas restantes roçam o desinteressante. “Mammoth” é um momento especialmente desinspirado, confuso e inconsequente. “All Fired Up” segue-lhe o rasto. Um disco que até termina de forma positiva com “The Lighthouse” (a lembrar lá no fundo – muito ao fundo - os Radiohead de “Motion Picture Soundtrack”) não ficará muito bem lembrado. Os três anos que passaram desde o lançamento de Antics deviam ter sido suficientes para os Interpol se habituarem ao presente e gerirem esta vontade de mudança – que não é suficiente. Melhores dias virão certamente. Por enquanto há uma coisa que é certa: teremos sempre Turn on the Bright Lights.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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