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The Vicious Five
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
23/04/2004


Crachás e remendos ao alto. Chegaram os Vicious Five, a nova coqueluche da cena punk/hardcore portuguesa. Ainda assim, reduzi-los à designação "punk" é sacrilégio. É que eles, ao tocar, não se enganam, têm poder, energia, força, e uma presença em palco imbatível (especialmente o vocalista Joaquim Albergaria). Ora todos nós sabemos que estas características não são muito comuns na maior parte das coisas a que se chama punk hoje em dia.

© Luís Bento

Guitarras ruidosas, como manda a norma, gritos onde a palavra de ordem é "revolução" ("It's only revolution if you're having fun"), bem como puro divertimento são os ingredientes desta jovem banda lisboeta. O vocalista brinca com o microfone, qual Iggy Pop, aponta para o público, dança, roça-se na janela a mostrar apreço pelas pessoas que observam o concerto do lado de fora, os guitarristas e o baixista movem-se e dançam divertidos, enquanto o baterista marca lá atrás o ritmo, também visivelmente bem disposto. Estes tipos sabem-na toda. Todinha.
O alinhamento do concerto, para além dos temas do EP de estreia, o mui recomendável Electric Chants of the Disenchanted, foi constituído por canções novas ("estreias mundiais", como lhes chamou o vocalista), bem como uma versão - se é que se lhe pode chamar isso - de "Walk Like an Egyptian", das Bangles. Digo isto porque começou com um ritmo tocado na pandeireta, que o público foi compelido a reproduzir com palmas enquanto o vocalista ia gritando a melodia, acompanhado pelo baterista, e transformando desde logo o tema num original. Também pudémos assistir à estreia de "Do the Fuck You" naquele que Joaquim Albergaria confessou ser o primeiro encore da banda.

Com um concerto curto e directo, como deve ser - visto este não ser um estilo de música que se deva alongar por muito tempo e até por não terem repertório para mais que isso -, os Vicious Five mostraram como são uma mais-valia para o panorama nacional, não só da área punk, mas de todo o rock'n'roll. São puro rock'n'roll e poderiam, facilmente, ser exportados para grandes centros como Nova Iorque ou Londres, onde certamente criariam um burburinho considerável.


Rodrigo Nogueira
rodrigo.nogueira@bodyspace.net
23/04/2004