EDP Cool Jazz - Van Morrison
Hipódromo Manuel Possolo, Cascais
28-/07/2018

O mote era Versatile, álbum de 2017 no qual Van Morrison decidiu fazer como Tony Bennett e colocar, em disco, as suas próprias interpretações de alguns dos grandes temas do cancioneiro jazz norte-americano, pelo que o que aconteceu no Hipódromo Manuel Possolo (Cascais) num belo fim de tarde de Julho era perfeitamente expectável: Van The Man em modo swinger, acompanhado por uma banda timidamente mecânica e pelo seu saxofone, debitando standards atrás de standards num concerto que colocou o "cool jazz" em "EDP Cool Jazz".

Caso existam parolos que, como no caso do Super Bock Super Rock, debitem ano após ano a mesma lenga-lenga idiota - unf grunf se não há jazz não lhe chamem Cool Jazz - os mesmos deverão ter saído dali satisfeitos, se é que conseguiram sequer entrar; a dez minutos do arranque do espectáculo, ainda eram muitos os que faziam fila para assistir, in loco, ao irlandês e a uma voz que não perdeu em qualidade com o tempo. De todos os elogios que se poderiam fazer a Van Morrison, esse será porventura o maior: nem parece ter já ultrapassado os 70 anos.

Não foi só o jazz, no entanto, a construir o alinhamento do espectáculo. Também se ouviu Bo Diddley ("I Can Tell"), blues antigos reinterpretados nos anos 60 pelos "seus" Them ("Baby, Please Don't Go") em toada rock n' roll anos 50, outros tornados famosos por Muddy Waters ("Got My Mojo Working"), uma slide guitar gostosa em "Precious Time". Fora dele, casais apaixonados beijavam-se durante as baladas, curiosos comentavam o estado de saúde da garganta de Morrison ao mesmo tempo que afirmavam desconhecer as canções, e outros reflectiam que tudo aquilo estava a ser muito fixe para quem tem menos de 45 anos e tem a Smooth FM programada no rádio do carro. A mais aplaudida, e de pé, só pôde mesmo ser "Gloria", imortalizada para sempre por Patti Smith. Tirando isso? Foi uma chonice pegada e não merece mais que este texto assim a seco. Enfim, mais oportunidades virão.