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Kero Kero Bonito
Musicbox, Lisboa
27-/02/2017


A globalização é fantástica. Permite-nos viajar de um continente ao outro no espaço de dez, quinze minutos, os mesmos que se demoraram a sair da África de Bonga rumo ao Japão dos Kero Kero Bonito, que fazem escala em Londres. Depois de terem marcado presença na última edição do NOS Alive, os britânicos voltaram a Portugal com os temas de Bonito Generation, o seu último álbum, ainda bem frescos - não que tenha sido editado assim há tanto tempo.

© Rita Sousa Vieira

De África à Ásia, mas o intuito é o mesmo: fazer dançar. Durante pouco menos de uma hora, os Kero Kero Bonito foram recrutando a fofice inerente à J-Pop, os sons mais electrónicos e até videojogáveis e, também, uma certa energia punk, extravasada, principalmente, pela sua vocalista, Sarah Midori Perry, cabelo azul e cara pintada como se de uma qualquer anime tivesse saído. Make Anime Great Again, já agora...

© Rita Sousa Vieira

Num Musicbox pela metade, que começou por gritar kero, kero logo ao início, a pedido desta verdadeira Lily Allen japonesa, os Kero Kero Bonito foram saltitando entre temas carregados de melodias açucaradas, transportando-nos para um mundo feito de peluche, como o flamingo cor-de-rosa que a dada altura se ergue. Balões iam e vinham do palco. Em "Graduation", uma das suas melhores canções, Sarah veste-se a rigor e traz o diploma para palco, encantada e encantando pela cor e pela luz. Amiúde a confissão de que os seus colegas de banda "comeram polvo pela primeira vez", a cantora foi a força motriz do espectáculo, não muito diferente daquilo que faz, por exemplo, Sarah Cracknell nos Saint Etienne. Deu para dançar e para cansar - e ainda estamos a escorrer arco-íris pelos ouvidos.

Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
01/02/2017