O ano ainda agora começou, mas já dá que falar a nível discográfico. Björk, que na semana passada tinha anunciado novo disco para Março, viu-se obrigada a lançar oficialmente o trabalho ontem, na loja digital iTunes, um dia depois de “Vulnicura” ficar disponível em sites ilegais de partilha.
Independentemente do sucedido, desde que se soube que a islandesa teria álbum novo para 2015, o registo tornou-se um dos lançamentos mais aguardados do ano, a par de artistas como Sufjan Stevens, Kendrick Lamar, PJ Harvey e, entre outros, Radiohead.
O que é sempre uma incógnita no arranque de ano novo diz respeito ao tópico ‘revelações’. 2011 deu-nos James Blake, 2012 Lana del Rey, 2013 Savages e 2014 FKA Twigs. E em 2015: quem será a próxima ‘grande cena da música mundial’? O exercício de futurologia que fizemos está exposta nesta selecção.


Natural da Suécia, filha de um popular músico da Gambia, a cantora de 23 anos lançou o EP “For Madeleine” em 2014 e chamou a atenção pelo talento vocal, carregadinho de soul, e pela fusão inteligente que faz entre R&B, electrónica e pop experimental. Com contrato já assinado pela Universal, o álbum de estreia deve ser anunciado em breve.




Tobias Jesso Jr. escreve canções frágeis e belas sobre desilusões amorosas, como se ouve em ‘Hollywood’, o primeiro single do seu disco de estreia “Goon”, agendado para Março. Voz, piano e letras sobre paixões perdidas podem parecer argumentos curtos para convencer, mas há um fascínio qualquer que nos prende à interpretação de Jesso Jr.




Para o jornal Guardian, o talento de Kwabena Sarkodee Adjepong, aka Kwabs, situa-se no cruzamento entre Seal, Ella Fitzgerald e James Blake. A sua música é, por isso, recheada de elementos tão díspares como electrónica, gospel, riffs de guitarra, neo-soul ou synth bass. O disco de estreia só deverá chegar na Primavera, mas se tivermos em conta os 14 milhões de visualizações que o single ‘Walk’ já conta no YouTube, parece que a aceitação está garantida.




Começou a dar nas vistas em 2011, quando lançou ‘BTSTU’. A canção foi posteriormente samplada por Drake e Beyoncé, colocando o músico britânico nas graças da indústria pop mainstream. Mas no ano seguinte, depois do seu álbum ter sido colocado à venda no Bandcamp sem autorização, Jai Paul optou pela reclusão. Desde então nunca se ouviu mais nada produzido pelo britânico, mas 2015 parece ser finalmente o ano em que quebra o silêncio auto-imposto. Em Setembro, Jai Paul começou a trabalhar com Rodaidh McDonald, colaborador habitual de Vampire Weekend e The xx, o que só pode significar boas notícias.




Como qualquer jovem de 19 anos, Shamir Bailey não vê grandes diferenças entre Rihanna e Mac DeMarco. A música que faz é, por isso, um amontoado das influências que aprecia enquanto ouvinte, que viajam tanto pela soul, pelo funk, pela house e pela pop electrónica. A unir isto tudo está uma voz andrógina, que Shamir gosta de classificar como de contratenor.




Depois de alguns EP lançados por iniciativa própria no éter digital, SZA (nome artístico de Solange Rowe) captou a atenção da editora Top Dawg Entertainment, casa de artistas como Kendrick Lamar e Schoolboy Q. Com a editora já apresentou ‘Z’, um registo de dez faixas onde explora sonoridades, entre outras, como o r&b, soul, hip hop e chillwave. Mas será ‘A’, previsto para este ano, que a apresentará oficialmente ao mundo.




Esperava-se que 2014 fosse o seu ano, mas depois do promissor EP “Dual” e do single ‘Too Much’, ambos de 2013, o músico britânico não lançou mais nenhum trabalho. Em vez disso, no ano passado, colaborou em projectos de alguns amigos, entre eles, o produtor SBTRKT. Espera-se, portanto, que 2015 seja o ano em que a sua voz quente seja exposta num merecido longa-duração de estreia.



Alexandra HO

Alexandra Ho é jornalista do semanário SOL, onde escreve semanalmente sobre música