As dez melhores canções de sempre neste preciso momento #6 - John Dwyer
· 23 Jul 2007 · 08:00 ·

A linhagem musical necessita de mais destabilizadores como John Dwyer, que, de forma incansável, tem sido o nervo e dentes afiados do núcleo mais inconformado da electrizante cena de San Francisco. Dwyer desde há muito que passou a ser presença assídua em vídeos destrambelhados que registam picos passionais de bandas dispostas a morrer em palco se necessário. Esse voluntariado encontra-se bem patente no DVD que acompanha a compilação de raridades Double Death dos Coachwhips e a mesma garra marcial sempre foi parte da genética de uns Pink & Brown mais vocacionados para a dinâmica “mata-esfola†própria da Load Records que os editou. Num volte-face tão surpreendente como tantos outros anteriores, John Dwyer transformou o seu mais egocêntrico projecto OCS nuns mais organizados The Oh Sees, que têm no seu segundo Sucks Blood um brilharete de peso no que respeita à mais franca folk (que fará salivar quem aguarda pelo novo material produzido pelo TV on the Radio Dave Sitek). Entre um concerto e outro, partilhou com o Bodyspace a sua lista de dez canções predilectas naquele preciso momento.

© Teresa Ribeiro

1 “Set Me Freeâ€, The Supremes: banda da Motown repleta de drama. Embora qualquer uma das suas canções fosse suficiente para me resgatar da fossa, foi esta que ouvi hoje.

2 Qualquer uma do disco Smog de Los Dug Dugs: rock psicadélico mexicano dos anos 70. Um baterista pesadíssimo e excelentes vocalizações. Muito espesso e hipnótico. Aquele tipo de disco que tocas para fazer em fanicos o cérebro de pessoal mais “tapadinhoâ€.

3 “Crutchesâ€, The A Frames: faixa completamente crua que eu já ando a tentar decalcar desde há algum tempo. Esta banda racha tudo.

4 “Stream Line Trainâ€, Tav Falco and the Panther Burns (ou a versão de Jessie Hemphill): o Tav Falco é o maior, tal como a sua banda. Música para guiar que evitará o aborrecimento próprio de percorrer a mesma estrada durante 10 horas para chegar a tempo a um concerto que será inevitavelmente desastroso. A versão de Jessie Hemphill é tão excelente e fatal como a dele, se bem que ainda mais simples e crua. Adoro-a.

5 “Members don’t gitâ€, Max Roach na bateria e Andy Bey nas vocalizações: Jesus... Como é fabulosa esta canção...

6 “How does it feel?â€, the Ronettes: possivelmente a minha canção favorita. Quando assim é, torna-se impossível traduzi-lo em palavras. Escuta só aquela secção de sopro.

7 Qualquer uma do mais recente disco ao vivo de Lake of Dracula: eu amo esta banda. A melhor cena do Weasel Walter. Ele devia dedicar-se à guitarra mais frequentemente. Deportem-no para o Brasil. Ele ama o país e está constantemente a falar dele.

8 “Semi streetsâ€, The Sic Alps: a melhor banda em San Francisco. Um dúo em que o baterista toca guitarra em simultâneo. Parecem-me bem também.

9 “Car Troubleâ€,
Adam and the Ants: se não gostas de Adam and the Ants, és um otário.

10 “House in the Countryâ€, the Kinks: ouvi este no disco de Kinks Face to Face, que é tão bom que até te borras, mas depois reparei numa quantidade suspeita de canções acerca de pessoas cheias de dinheiro que acabam por perder tudo ao gastá-lo em coisas inúteis... Tal coisa surte algum impacto em ti? Esta é uma daquelas músicas com que se podem identificar aqueles que gerem desastrosamente o dinheiro, tal como eu. Embora nunca tenha nenhum, por isso, tanto me faz.

Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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